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Eleger Dilma para acabar com as espumas venenosas do rio Tietê

No Ato em Defesa do Meio Ambiente, ocorrido neste domingo (24), prefeitos, parlamentares, dirigentes partidários, ambientalistas e militantes ocuparam as margens do rio Tietê, coberto de espuma tóxica, em Pirapora do Bom Jesus. O objetivo foi mostrar o compromisso da candidatura Dilma com o saneamento e o fim do desastre ambiental que tucanos ignoram há vinte anos.

Por Cezar Xavier, para o site do PT-SP

A menos de uma hora da capital, a Estrada dos Romeiros, em direção a Pirapora do Bom Jesus começa a mostrar seus encantos. A chegada à cidade se dá pelo alto da Serra da Ivoturuna, o que surpreende o visitante que vê toda a paisagem de vales profundos do alto. Os morros de Mata Atlântica, nessa época, muito florida, são atravessados pela várzea do rio Tietê, que começa, ali, a ganhar seu leito natural, caudaloso e irregular.

Pirapora faz parte da região de Osasco, por onde o rio também passa, mas muito canalizado e igualmente poluído. Ninguém nem nota mais sua existência. Seu aspecto de esgoto deixou de indignar quem atravessa, apressado, as marginais com suas alças de viadutos. De Santana do Parnaíba para a frente, no entanto, não há como não se assombrar com o impacto da poluição sobre a paisagem exuberante de vales e do bioma original da região.

A região que deveria estar perfumada com o verde da diversidade de flora e com as flores que cobrem as copas, nessa época, invade nossa admiração pela paisagem com o fedor de seu rio doente. Uma mistura do cheiro de ovo podre, típico dos esgosto, e o aroma enjoado e tóxico de detergentes e produtos industriais. A água é preta como petróleo, e deve envenenar sua vegetação marginal e os lençóis freáticos da região, assim como causa doenças pulmonares nos moradores dali.

No estado mais rico da Federação, é inacreditável que uma paisagem como esta se mantenha “preservada” há cerca de 25 anos pelos governos tucanos. O que deveria ser puro encantamento pela paisagem natural privilegiada e a pequena e encantadora cidade com sua bela igreja e tradições culturais e religiosas, torna-se, muito rapidamente, em tristeza e desolação. A medida que se vê a cidadezinha do alto, descendo as encostas da serra, o sentimento vai se tornando indignação e revolta. A cidade é invadida por uma espuma suja que cobre todo o leito do rio, criando uma paisagem inusitada e escandalosa.

A espuma parece aquelas imagens de bancos de gelo que se quebram e navegam pelas águas frias dos pólos do planeta, que só vemos pela televisão. Mas ninguém se engane. O cheiro e a consistência é de espuma, provocada pela barragem que abastece a Usina Hidrelétrica de Rasgão. Conforme a água passa pelos vertedouros da usina, como numa máquina de lavar, a espuma começa a seguir a correnteza do rio em direção à cidade. Em dias chuvosos, a densa espuma chega à saia das pontes e invade as ruas. Olhando bem para a água, parece que chuvisca, mas na verdade, os círculos que surgem e explodem como bolhas são uma reação química da água liberando gases. Difícil imaginar que, algum dia, os índios tupi tenham dado o nome de Pirapora, “peixe que pula”, a esse lugar.

Uma visita a Pirapora do Bom Jesus, é o que a ambientalista Marina Silva (PV) deveria fazer para saber que tipo de governo faz José Serra (PSDB) e os tucanos, para a natureza agredida do estado. Eles, que flertam com Marina para conseguir os votos que a ex-ministra do Meio Ambiente conquistou no primeiro turno da eleição presidencial, deveriam explicar como é possível um desastre ambiental de tais proporções, justamente na cidade que é o berço do samba paulista e recebe a segunda maior concentração de romeiros, com os 600 mil turistas que a visitam.

Compromisso com o rio

O lugar foi escolhido cuidadosamente pelo Diretório Estadual do PT-SP para expor a gravidade da incompetência dos tucanos na gestão do meio ambiente e para assumir um compromisso de Dilma Rousseff com aquele lugar tão especial. Neste domingo (24), militantes, dirigentes partidários, parlamentares, prefeitos da região e os ministros do Turismo, Luiz Barreto, e o interino do Meio Ambiente, José Machado, fizeram um Ato em Defesa do Meio Ambiente na cidade para denunciar o descaso dos tucanos e da Sabesp e defender a candidatura de Dilma Rousseff. No momento em que as fontes de água começam a escassear pelo mundo, São Paulo precisa reverter com urgência a poluição de águas tão preciosas para o futuro do país. Esta já é uma das maiores riquezas do país, mas ainda não é vista como tal por seus governantes.

Logo cedo, no domingo, a cidade já está animada com suas feirinhas e barracas de comidas locais. A igreja começa sua missa e alguns turistas admiram a estranha paisagem. O deputado estadual e geólogo Adriano Diogo (PT) já chegou e critica a visão utilitarista dos governos sobre o rio. “Como essa represa tem a finalidade de gerar energia, e não abastecer de água, não há qualquer preocupação com o que jogam no corpo d’água”, diz o deputado, enquanto chegam militantes.

O parlamentar critica o método de flotação adotado para reduzir e sedimentar os dejetos da poluição, quando se mistura água e oxigênio para forçar a flutuação e recolhimento de partículas sólidas em forma de espuma. Para ele, esse é um método paliativo em que se gasta fortunas com empresas de flotação, sem conseguir um resultado satisfatório. Enquanto isso, Pirapora e outras cidades que despejam dejetos no rio têm saneamento insignificante para as necessidades do rio. “Há várias lagoas e rios muito poluídos pelo Brasil, mas esse nível de concentração de espuma e poluentes é inédito”, afirma. Para Adriano, as espumas em Pirapora são o grito máximo da natureza agredida.

O ministro Luiz Barreto ressalta que em Pirapora não tem "bla-bla-bla", pois estamos vendo o rio. "Como diz o presidente Lula, os tucanos só têm o bico grande. São mais de 20 anos de incompetência deles." Para ele, que mantém uma relação forte com a revitalização do turismo da cidade, as espumas são um exemplo concreto do desleixo do PSDB em São Paulo.

O ministro interino do Meio Ambiente, José Machado, também viu o quadro de desolação. "Esta é a marca registrada da incompetência tucana em relação ao meio ambiente", declarou. Em sua opinião, este quadro está muito ligado à questão do saneamento, portanto o governo Lula criou todos os instrumentos legais para uma revolução nessa área. Só precisa da vontade política do governo de São Paulo.

A luta contra a inércia tucana

Já com a praça colorida pelas bandeiras da campanha de Dilma, o prefeito de Pirapora, José Carlos Alves, o Bananinha (PT), fala da dificuldade das pequenas cidades em disputar a poluição com a Região Metropolitana de São Paulo. Os municípios da região montaram uma Câmara Técnica para discutir com a Sabesp soluções para o problema. O objetivo é juntar forças para enfrentar os municípios populosos do ABC Paulista, que despejam resíduo industrial e domiciliar no rio e também não encontram apoio do governo estadual para resolver isso.

O vice-prefeito de Salto, Juvenil Cirelli, revela que, mesmo tratando 100% dos esgotos, sua cidade recebe a poluição do rio que vem das outras cidades que não têm saneamento. Ou seja, a solução para o desastre precisa ser integrada pelo governo do estado. Salto tem saneamento porque municipalizou a empresa. A depender da Sabesp continuaria desprovida. Apesar disso, a Rede Globo filmou durante meses uma bóia transitando pelo rio Tietê só para culpar os prefeitos pela falta de saneamento, blindando o governo tucano de qualquer responsabilidade. Todo dia, um prefeito era “interrogado” para explicar o desastre ambiental.

Bananinha diz que seu sistema de saúde enfrenta muitos casos de problemas respiratórios da população e a fuga de turistas e da navegação. Com isso, ele tem buscado atrair empresas à cidade para compensar a queda no turismo. Também conta com uma ação do promotor Marcos Mendes Lira que busca exigir do estado indenização ao município pela poluição do rio. "A Sabesp cobra 100% de água e esgoto, mas não trata. Assim é fácil ser uma empresa lucrativa. O PSDB é uma enganação em termos de meio ambiente.

A secretária geral do PT-SP, Silvana Donatti, participou do Ato e contou que, em São Carlos, onde foi vereadora, a cidade recebe recursos do Governo Federal para o tratamento do esgoto. Segundo ela, não basta construir estações de tratamento e abandoná-las sem uso, como fazem os tucanos. É preciso dar incentivo aos municípios para dar continuidade ao tratamento da água. São R$ 25 milhões pelo cumprimento de metas de esgoto tratado. “Nos governos do PSDB, as estações quando são construídas é porque são obras que dão lucros a empreiteiras, mais nada”, criticou Silvana.

A prefeita de Itapevi, Ruth Banholzer (PT), afirmou que seu município ainda não tem um milímetro cúbico de esgoto tratado. “Mas, no PAC 1 (Programa de Aceleração do Crescimento), a ministra Dilma Rousseff, sensibilizada com a situação, colocou a cidade de pernas pro ar com obras e o rio Barueri não vai mais contribuir para a espuma do Tietê”, afirmou, animada.