Entrevista: O Nordeste de Dilma

Amanhã a população brasileira decide nas urnas quem irá governar o Brasil nos próximos quatro anos. Em entrevista ao jornal Diário do Nordeste, Dilma Rousseff (PT) falou sobre as propostas para a nossa região.

Dilma - DN

O Nordeste sempre foi visto como uma região marcada por dificuldades socioeconômicas que permanecem, como seca, alto índice de analfabetismo, falta de infraestrutura. Quais as prioridades do seu governo para a região?

Caso seja eleita, meu Governo aprofundará os esforços iniciados pelo presidente Lula para reduzir as desigualdades regionais. Conheço bem a realidade do Nordeste e tenho boas parcerias com a maioria dos governadores da região. Nossas prioridades serão gerar mais emprego e mais renda, complementar a infraestrutura necessária para que o Nordeste cresça e investir fortemente em abastecimento de água e saneamento básico. Além disso, melhoraremos a qualidade dos serviços de saúde, educação e segurança pública.

Como avalia as obras que estão em curso, como a ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco?

Como ministra chefe da Casa Civil do Governo Lula, tive orgulho de comandar o PAC, responsável pela realização destas duas grandes obras que estão contribuindo para transformar a vida do povo nordestino. Ambas são fundamentais para o desenvolvimento econômico da região. Hoje, essas obras já geram milhares de empregos, fazendo o Nordeste crescer e beneficiando sua população. Se eleita, terei a honra de finalizar estas obras, fundamentais para a transformação econômica e social do Nordeste e do Brasil.

Considerando o semiárido como área a ser mais afetada pelas mudanças climáticas, seu governo vai investir em grandes obras hídricas ou na efetivação da gestão democrática das águas?

Se for eleita, pretendo fortalecer os investimentos para garantir segurança ao abastecimento de água no Nordeste. Com o PAC2, propomos investir mais R$ 12,1 bilhões entre 2011 e 2014. Serão 54 empreendimentos, para garantir o acesso à água e propiciar o desenvolvimento sustentável no Nordeste; para desenvolver a agricultura irrigada, para incorporar novas áreas de produção; e para revitalizar bacias, melhorando a qualidade da água, desassoreando os rios, garantindo acesso à água para as comunidades ribeirinhas e melhorando os indicadores de saúde da população.

O seu governo continuará incentivando as refinarias nos Estados nordestinos, como as que estão em curso (Maranhão e Pernambuco) ou no papel, como a do Ceará?

A construção das refinarias em Pernambuco, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte, a modernização da Refinaria Landulpho Alves na Bahia e a construção da Fábrica de Fertilizantes no Ceará fazem parte do nosso projeto de desenvolvimento para o Nordeste, atraindo investimento, fixando divisas na região e gerando emprego e renda para sua população. Por isso, caso seja eleita, darei continuidade aos investimentos na área de refino e petroquímica na região.

Qual será o destino da Sudene e de outros órgãos de incentivos ao desenvolvimento do Nordeste, como o Dnocs, no seu governo?

A Sudene e todos os órgãos de incentivos ao desenvolvimento do Nordeste devem ser fortalecidos para que possam atuar na promoção do desenvolvimento sustentável da região, na geração de emprego e renda para sua população, visando a redução das desigualdades regionais.

O aumento do poder aquisitivo do assalariado tem produzido impactos na economia. O seu governo vai dar continuidade a essa política de valorização do salário mínimo?

Nossa política de valorização do salário mínimo tem permitido, ano a ano, que os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros tenham ganhos reais, aumentando seu poder de consumo e fazendo a economia crescer. Essa política, acertada com as centrais sindicais, será mantida em meu governo. Ela é estável, contínua e sustentável.

No caso da renda mínima, a senhora acha que os programas sociais já cumpriram o seu papel e devem ser repensados ou precisam ser mantidos?

O Bolsa Família vem cumprindo um papel importantíssimo junto às famílias mais pobres. Além de garantir comida na mesa, as condicionalidades para seu recebimento têm efeitos positivos na escolaridade e na saúde das crianças e jovens das famílias beneficiárias. O Bolsa Família também tem grande impacto na economia. Estudo do Banco do Nordeste estima que, para cada R$ 1 bilhão transferido para os beneficiários na região, foram geradas 116 mil ocupações e houve um impacto positivo de R$ 4,1 bilhões no valor bruto da produção regional. Minha proposta central é eliminar a miséria em nosso País. Nesse processo, a continuidade dos programas de transferência de renda é fundamental.

Já que muitos nordestinos ainda são obrigados a se submeter a trabalho escravo no Sul e Sudeste. Qual a sua proposta para a geração de empregos na região?

Vamos manter o ritmo de crescimento da economia, gerando emprego e distribuindo renda em todo o País. No Nordeste, as grandes obras de infraestrutura são importantíssimas para a geração de emprego e renda. No governo Lula, o Nordeste já cresceu a taxas mais elevadas que o conjunto do País. Se eleita, vou mobilizar todas as políticas públicas necessárias para que este processo continue, combinando investimentos públicos, incentivos às atividades econômicas privadas e políticas sociais. Se formos capazes de gerar alternativas na região, os nordestinos não precisarão mais migrar em busca de melhores oportunidades. Meu compromisso é eliminar a miséria e garantir desenvolvimento sustentável para todos os brasileiros, com olhar especial para o Nordeste.

Fonte: Diário do Nordeste