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Posição equivocada dos EUA faz naufragar cúpula China-Japão

O renascimento da disputa – provocado primeiramente pela detenção pelo Japão de um pescador chinês perto das disputadas ilhas Senkaku, no mês passado – fez naufragar a reunião de dois dias entre líderes regionais na capital vietnamita.  A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, foi uma das responsáveis pelo fiasco do encontro diplomático.

A China acusou o Japão de "violar a soberania e a integridade territorial da China", reabrindo uma amarga disputa entre os dois países sobre a soberania de ilhas no mar da China Oriental.

As renovadas tensões diplomáticas arruinaram os planos de uma cúpula sino-japonesa em Hanói (Vietnã) na sexta-feira, que havia sido considerada um passo chave no sentido de tranquilizar as relações entre a segunda e a terceira economias do mundo.

A China também refutou Hillary Clinton, a secretária de Estado dos EUA, dizendo-se "fortemente insatisfeita" com os comentários que ela fizera, em que parecera assumir o lado do Japão na discussão sobre as ilhas.

O renascimento da disputa – provocado primeiramente pela detenção pelo Japão de um pescador chinês perto das disputadas ilhas Senkaku, no mês passado – fez naufragar a reunião de dois dias entre líderes regionais na capital vietnamita.

Autoridades japonesas disseram que a China tinha cancelado no último momento o que seria o primeiro encontro formal desde a disputa entre o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e o japonês, Naoto Kan.

A reunião havia sido acordada no início da sexta-feira em um encontro aparentemente cordial entre os ministros das Relações Exteriores dos dois países.

No entanto, Hu Zhengyue, um ministro assistente das Relações Exteriores da China, mais tarde denunciou o Japão por "disseminar incessantemente" comentários na mídia que, segundo ele, haviam violado a soberania da China.

O Japão havia feito "declarações falsas" sobre o conteúdo da reunião dos ministros das Relações Exteriores, disse Hu. "Isso destruiu o clima adequado para uma reunião dos líderes dos dois países em Hanói", citou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Antes a China havia negado um relato de que havia aceitado reiniciar negociações sobre um acordo para explorar conjuntamente recursos de gás em áreas disputadas no mar da China Oriental. Mas autoridades japonesas negaram sugestões de que tivessem feito essa alegação.

"É extremamente lamentável que o lado chinês tenha cancelado a reunião de cúpula por causa de uma reportagem sem fundamento", disse Tetsuro Fukuyama, o vice-chefe de Gabinete do Japão.

Fukuyama disse que Tóquio ficou "extremamente surpresa" com o cancelamento da reunião dos primeiros-ministros, mas que o Japão reagiria "calmamente".

Os atritos renovados sobre as ilhas Senkaku, que a China chama de Diaoyu, poderia complicar ainda mais as relações já delicadas entre Pequim e Washington.

Tóquio esperava que uma reunião informal entre Wen e Kan ajudasse a facilitar os preparativos para uma cúpula no mês que vem dos países da Ásia-Pacífico, a se realizar na cidade japonesa de Yokohama.

As críticas de Pequim a Clinton vieram depois que ela se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do Japão, Seiji Maehara, e reafirmou o compromisso dos EUA a ajudar o Japão a defender as ilhas contra ataques estrangeiros, sob os termos de seu tratado de segurança com Tóquio.

Clinton deveria se unir às discussões entre líderes regionais no sábado para negociações que poderiam reduzir as diferenças entre China e EUA e entre China e outros governos do Sudeste Asiático.

Em um discurso no Havaí, a caminho para a viagem de 13 dias à Ásia, Clinton adotou um tom conciliador mas admitiu que ainda havia questões difíceis entre os EUA e a China. "Existem algumas pessoas nos dois países que acreditam que os interesses da China e os nossos são fundamentalmente opostos… Mas não é essa nossa opinião", ela disse.

Clinton deverá viajar no sábado para Hainan, a ilha no sul da China, para se reunir com Dai Bingguo, a principal autoridade em política externa da China.

Fonte: Financial Times
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves/UOL