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Liége Rocha: com Dilma, país evoluirá na representação feminina

Para além das possibilidades de continuidade e aprofundamento do desenvolvimento nacional, a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência traz também a questão da busca pela superação da sub-representação feminina na política brasileira. “Considero que sua eleição tem um significado muito grande e emblemático para toda a luta que as mulheres vêm travando para ampliar sua participação nos espaços de poder”, diz Liége Rocha, secretária de Mulher do PCdoB.

Nestas eleições, elas foram apenas cerca de 10% das parlamentares eleitas para a Câmara e o Senado e duas entre os 27 governadores, uma desproporção abissal quando estes números são comparados com a quantidade de mulheres na população, onde elas são a metade dos brasileiros. O índice da participação feminina na política não mudou muito em relação às eleições de 2006, o que deixa o Brasil na 149ª posição mundial neste quesito. “Sua vitória nos ajudará a avançar muito mais no que diz respeito às conquistas das mulheres, não apenas na área da saúde. Dilma tem sensibilidade para se diferenciar neste sentido e aprofundar as políticas públicas para as mulheres iniciadas no governo Lula”, diz a comunista.

A chegada de uma mulher ao poder central pode parecer um detalhe, mas trata-se de uma evolução da democracia brasileira e mesmo internacional. Afinal, não são muitas as presidentas mundo afora. Elas são 17 de um total de 192 países representados na ONU, um quadro que ainda demorará anos para ser superado, entre outras razões, pelo preconceito e pela falta de políticas de estímulo à participação feminina. “Tem-se, muitas vezes, a ideia de que basta a mulher querer atingir uma determinada posição na sociedade para ela conseguir. E não é bem assim. É uma questão estrutural que se insere também na opressão de gênero. Precisamos de políticas públicas que incentivem a presença das mulheres e que enfrentem as desigualdades que persistem em nossa sociedade”, aponta.

Liége Rocha, aliás, tem participado diretamente desta luta há décadas. “Nesses últimos tempos, intensificamos a campanha pela ampliação da presença feminina nos espaços de poder como uma questão diretamente relacionada à democracia. Acho que a conquista da primeira presidenta para o Brasil tem um significado muito grande no sentido de fazer avançar cada vez mais essa questão. É como Dilma tem colocado: sim, a mulher pode. Ela tem insistindo nisso como forma de estimular a mulher, a jovem e mesma a menina a pensar que é possível a mulher fazer parte da política em qualquer cargo”.

Além disso, Liége ressalta que ao enfrentar a campanha de baixarias de José Serra e seus apoiadores, Dilma quebrou o estereótipo da mulher frágil. “Ela mostrou ser uma pessoa propositiva e que sabe enfrentar desafios de maneira firme e contundente. A baixaria destas eleições tinha como centro desqualificar a mulher na pessoa de Dilma por meio de questões morais e preconceituosas. Determinadas atitudes que o adversário teve com ela, não teria se o candidato fosse homem. Tentaram fragilizar a candidata por aí, mas ela soube reverter essa campanha em seu favor”.

Liége também destaca o apoio dos movimentos sociais – e das feministas e emancipacionistas em particular – na vitória de Dilma. “As últimas manifestações das mulheres Brasil afora foram muito fortes, com presença massiva, em defesa da candidata, dos direitos das mulheres, contra o preconceito. Elas mostraram que nós, mulheres, somos capazes de ocupar maior espaço na política e na sociedade. E não vimos esse apoio popular em relação ao adversário. Este é outro diferencial que marcou não apenas sua campanha como certamente marcará seu mandato”.

Da redação,
Priscila Lobregatte