Fórum Nacional quer aperfeiçoar educação no campo
"A educação constitui instrumento de formação teórica e estratégica essencial para que os povos do campo possam avançar nas suas lutas. Por isso e por entender que não existe sistema de educação sem estrutura física que lhe dê materialidade, reafirma-se, aqui, a luta não apenas para impedir o fechamento das escolas no campo, mas para a construção de mais e melhores escolas no campo.”
Publicado 05/11/2010 13:27
O texto faz parte da carta de lançamento do Fórum Nacional de Educação do Campo, na noite desta quinta-feira (4), dentro da programação do 4o Seminário Nacional do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que acontece esta semana em Brasília.
O evento reuniu trabalhadores e trabalhadoras Rurais de todo o país em torno da discussão da reforma agrária e educação do campo. O objetivo do encontro foi fazer um balanço do Pronera, tendo em vista seu aperfeiçoamento como política de promoção de justiça social no campo.
As entidades que compõem o Fórum comemoraram a assinatura do decreto presidencial sobre educação do campo. “Acreditamos que o Plano contemplará várias metas e estratégias, dentro da proposta que o Executivo irá encaminhar para o Congresso Nacional”, explica o secretário de Políticas Sociais da Contag, José Wilson, acrescentando que “apesar de várias conquistas nessa temática, achamos por bem criar o Fórum para consolidar a política de educação do campo”, concluiu o dirigente sindical.
O Fórum Nacional de Educação do Campo é uma articulação permanente constituída por diversas organizações da sociedade civil e membros da comunidade acadêmica. Segundo José Wilson, a mobilização traz a oportunidade de debater, além dos avanços, as necessidades de reformulação do ensino para a área rural do país.
Análise crítica
Na carta, o Fórum explica que vai manter sua ação focada na “análise crítica constante, severa e independente acerca de políticas públicas de educação do campo; bem como a correspondente ação política com vistas à implantação, à consolidação e, mesmo, à elaboração de proposições de políticas públicas de educação do campo.”
E explica que “o ponto de partida comum a todos os que criam este Fórum é a constatação da evidente desigualdade social e educacional a que estão submetidas as populações do campo”, acrescentando que existem ainda outros motivos para manter ativo o Fórum: “Constata-se que, hoje, no Brasil, o projeto hegemônico de campo, de desenvolvimento rural e de educação no meio rural tem caráter excludente, predador e homogeneizante”.
Esse cenário exige “ação estratégica forte e ordenada dos povos do campo, com vistas à instalação de um projeto que vê o campo não como espaço econômico de produção de commodities – perspectiva produtivista que tem gerado verdadeiros “desertos verdes” – mas como território social e ambiental de produção de vida e de cultura por milhões e milhões de agricultores familiares, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, caiçaras, sem-terra, acampados, assentados e reassentados,
O texto que baseia a criação do Fórum explicita ainda que “há a necessidade de uma articulação nacional em favor do campo, seguindo as perspectivas da defesa da vida, da igualdade social e da diversidade cultural e ambiental e, sobretudo, da educação dos povos do campo frente ao avanço do agronegócio e frente à criminalização dos movimentos sociais do campo”.
De Brasília
Márcia Xavier