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PC do Chile pede fim de montagem colombiana contra militante

O Partido Comunista do Chile está divulgando uma carta, na qual convoca a comunidade internacional a se solidarizar com o desenhista gráfico e militante Manuel Olate Céspedes, que foi detido em Santiago, acusado de suposta vinculação com a guerrilha colombiana das Farc-EP. O partido rebate as alegações e afirma que se trata de uma "aberração jurídica, montada pelo governo colombiano, o mais brutal executor do terrorismo de estado no continente".

Manuel Olate foi detido em sua residência em Santiago, na noite do dia 29 de outubro, a pedido do governo colombiano, que o acusa de "terrorismo" e vínculo com as Farc e os mapuches, os quais, segundo a Colômbia, teriam sido treinados pela guerrilha.

Na carta, o PC Chileno informa que o governo colombiano – "em coordenação com a direita chilena e a totalidade dos meios de comunicação que esta controla" – iniciou uma ação judicial, solicitando a extradição de Céspedes.

De acordo com o partido, as acusações foram desmentidas taxativamente pelos envolvidos, que alegam tratar-se de "montagem destinada a criminalizar toda ação reivindicatória, tanto do povo mapuche, quanto de qualquer grupo social que discorde do sistema".

"Especialmente, trata-se de envolver o PC do Chile tentando impedir sua política de convergência com outras forças políticas , destinada a por fim ao governo da direita", diz a nota, assinada pela Comissão de Realções Internacionais do PC.

Segundo o texto, a acusação contra Céspedes se baseia no fato de que ele, junto a personalidades de vários países que participaram de uma reunião de solidariedade no Equador, visitou combatentes das Farc em um acampamento na fronteira com a Colômbia.

"Os visitantes tiraram fotos com um destacado dirigente da força beligerante, que internacionalmente ficou conhecido por sua busca pela paz na Colômbia e pelas negociações que permitiram a libertação de prisioneiros da guerrilha, o que foi freado com a sua morte dias depois", diz a nota.

O partido pede que a comunidade internacional se solidarize com Manuel e so coloque contra a "farsa" montada para incriminá-lo e criminalizar a luta do povo mapuche que, "continuando uma luta de sáculos por suas terras, sustentaram uma greve de fome durante 81 dias, protestando contra serem julgados por tribunais militares e por uma lei antiterrorismo estabelecida durante a ditadura Pinochet. "

O PC informa que enviou uma carta ao presidente da Corte Suprema de Justiça do Chile, em 2 de novembro, assinada por mais de 50 dirigentes políticos e sociais do país, solicitando a imediata libertação de Manuel e que seja negado o pedido de extradição, uma vez que não existiriam antecedentes que permitam presumir a participação do militante comunista nos graves delitos que a Colômbia menciona.

"A autoridade colombiana realizou acusações de grande envergadura contra o detido, que não condizem com a atividade política e solidária que ele , abertamente, tem desempenhado em ralação à paz na Colômbia. O sentimento de solidariedade com um povo que sofre uma guerra interna não pode ser motivo para que se qualifique como terrorista quem o manifesta", diz a carta enviada à Justiça chilena.

De acordo com o texto, ao fazer isso, estariam postas em perigo as bases do "nosso sistema democrático, que permite a expressão livre das ideias e propugna o respeito e a proteção aos direitos básicos do ser humano, dentre os quais se encontra a liberdade para realizar atividades sociais e políticas".

O PC afirma que, diante da falta de comprovação, a solicitação colombiana é "irreal e exagerada" e a libertação imediata do prisioneiro é única forma real e justa de por fim a esta manipulação midiática que atualmente é realizada"

"Pretende-se difamar as organizações sociais e políticas e pessoas que, como Manuel Olate, o Partidos Comunista do Chile e outros, manifestam publicamente o interesse por uma saída política para o conflito armado da Colômbia. Confiamos plenamente que a justiça chilena não será parte dessa manobra", termina o documento remetido à Justiça.

O PC do Chile orienta a comunidade internacional a enviar e-mails de solidariedade ao presidente da Corte Suprema de Justiça, Milton Juica, ([email protected]), com cópia para a Comissão de Relações Internacionais do Partido ([email protected]).

Da Redação