Mudanças climáticas: Brasil está no caminho certo
O programa brasileiro de enfrentamento às mudanças climáticas foi alvo das discussões na mesa-redonda Políticas Públicas sobre Mudanças Climáticas, dentro da programação do Seminário Internacional de Mudanças Climáticas que acontece, nesta quinta e sexta-feira (11 e 12) em Brasília. Luiz Pinguelli Rosa, do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em sua exposição, fez referência à fala de Luiz Carlos Molion, dizendo que o debate é fundamental, mas não pode desarticular as políticas do setor.
Publicado 12/11/2010 14:43
Ele lembrou que há muita política envolvida na discussão sobre o papel do CO² no aquecimento global. E que o Brasil propôs criar um fundo de desenvolvimento limpo, que — por pressão política e forte oposição dos Estados Unidos — não foi aprovado.
Pinguelli Rosa defendeu políticas públicas e medidas restritivas, além de uma forte intervenção da política de mudança climática em âmbito nacional e internacional, para dar resposta às questões relativas à mudança climática. E garantiu que, apesar de existir erros, o Brasil está no caminho certo na condução política no setor.
Marcos Aurélio Vasconcelos de Freitas, da Rede Brasileira de Pesquisas das Mudanças Climáticas, também falou sobre os avanços nas políticas de mitigação dos impactos das mudanças climáticas na vida da população. Ele afirmou que mesmo não tendo certeza com relação aos eventos futuros, é preciso estar preparado e estimular os governantes para que sejam mais incisivos em políticas de mitigação e, sobretudo, de adaptação nas regiões em expansão.
O gerente de mudanças climáticas da Secretaria do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Nelson Moreira Franco, falou dos compromissos para alcançar as metas para os próximos 20 anos, e da importância de incentivos legais para ações ambientais e de não desmatamento.
Franco explicou os investimentos e metas para coleta seletiva de lixo, transporte público, reflorestamento, recuperação e ampliação da cobertura vegetal, adaptação às mudanças climáticas enfatizando um trabalho conjunto entre pesquisa científica, investimento na defesa civil e treinamento e capacitação da população.
Foco nos combustíveis
Miguel Rosseto, representante da Petrobras, falou sobre o papel dos biocombustíveis para a sustentabilidade. Ele ressaltou que o país tem padrões diferenciados de consumo energético e defendeu o conceito de responsabilidade diferenciada como condição essencial para o debate do tema.
Afirmou que o princípio da precaução exige uma atitude responsável e lúcida na contenção da emissão de gases do efeito estufa e expôs algumas iniciativas que podem ser incentivadas. E citou o exemplo do uso da tecnologia na exploração da cana-de-açúcar, onde pode ser produzida até 40% a mais de combustível.
Rosseto argumentou que o mundo entrou num século de transição energética com condições tecnológicas para ampliar a matriz energética e que o país precisa aproveitar o momento fazendo com que os recursos financiem o que se pretende para o futuro. “Há um equilíbrio a ser construído, baseado no direito e qualidade de vida de todas as nações”, concluiu.
O cenário de combustíveis para as próximas décadas também foi o foco da apresentação de Alan Kardec Duailibe, diretor da Agencia Nacional de Petróleo (ANP). Ele acredita que o petróleo continuará sendo a principal fonte de energia nos próximos anos e que o Brasil permanecerá como ator central dos biocombustíveis. Ele disse que mesmo com a forte oposição ideológica, o uso de biocombustíveis continuará crescendo e que seria necessário o país pensar em uma nova legislação para o setor.
De Brasília
Com informações Ascom/Século