Seminário internacional em Brasília lança órgão de meio ambiente
Em clima de comemoração, cientistas, trabalhadores, estudantes e agentes públicos presenciaram a pose da primeira direção do Instituto Nacional de Pesquisa e Defesa do Meio Ambiente (INMA) feita durante o encerramento nesta sexta (12) à noite, em Brasília, do Seminário Internacional sobre Mudanças Climáticas. O evento, preparatório à Conferência Mundial da ONU, foi promovido pela Fundação Maurício Grabois com apoio da Petrobras e da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Publicado 12/11/2010 21:15
A nova entidade, presidida pelo ex-deputado federal Aldo Arantes, tem no seu conselho nomes ilustres como o secretario executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), Luiz Pinguelli Rosa, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luis Fernandes, do diretor de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, e do pesquisador do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais, Carlos Walter Porto-Gonçalves.
O INMA tem como principal objetivo dar uma dimensão diferente na luta em defesa do meio ambiente, procurando combiná-la com o desenvolvimento, a defesa dos direitos sociais e a soberania nacional.
“Nós achamos que é errado tratar a questão ambiental isolada do desenvolvimento, porque, ao contrário, isso levará a um desenvolvimento predatório ou a uma visão radicalizada do problema. Então nós defendemos um projeto nacional de desenvolvimento sustentável que incorpore a questão ambiental com força”, argumentou o diretor presidente Aldo Arantes.
Durante a pose, que aconteceu no auditório do Centro de Eventos e Treinamentos da CNTC, na 902 Sul, o conselheiro Carlos Walter Porto-Gonçalves ressaltou a importância dos movimentos sociais incorporarem o tema nos seus debates, a exemplo do que aconteceu no seminário.
Segundo ele, é preciso que o desenvolvimento chegue aos mais pobres, por isso defendeu que a bandeira do meio ambiente incorpore a vertente indígena e dos quilombolas que são diretamente ligados à natureza.
Seminário
Durante os dois dias, os participantes do seminário debateram a questão da mudança climática sobre a ótica científica, sua dimensão política e social. Participaram do evento o professor Jiang Tong, do Centro Nacional do Clima da China, e Bilal Haq, diretor de Programas Marinhos da Nationnal Science Fondation dos EUA. Eles foram conferencistas da mesa “Fundamentos Científicos das Mudanças Climátivas”.
Da comunidade científica brasileira estavam presentes diversas autoridades no assunto, entre os quais Carlos Nobre, este último coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa das Mudanças Climáticas.
No momento divergente, o professor Luiz Carlos Molion, da comissão de climatologia da organização meteorológica mundial, destacou que as variações climáticas são naturais e que o CO² não controla o clima global.
Entretanto, a posição hegemônica é que de fato o aquecimento global é uma realidade e que precisa ser enfrentado para o bem da humanidade. O presidente do Finep, Luis Fernandes, afirmou que existem conexões históricas entre a revolução industrial e a questão ambiental. Carlos Nobre explicou que nos últimos 150 anos o planeta aqueceu 0,2º por década, 50 vezes mais rápido do que no período interglacial.
Copenhague
Outra questão central nos debates é que o fracasso da cúpula de Cpenhague, em dezembro de 2009, deve-se a intransigência dos países desenvolvidos em rejeitarem o Protocolo de Kyoto, que estabelece a eles metas de redução da emissão de gases poluentes e aos países em desenvolvimento medidas voluntárias.
Os participantes, porém, estão céticos quanto a um possível avanço na Conferência Mundial da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Cancun, no México, que acontece mo próximo dia 29. A perspectiva de avanço ficará para a realização da RIO + 20 que acontece em 2012.
O embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora, lamentou a falta de acordo em Copenhague por causa da imposição dos países mais desenvolvido e defendeu para as próximas negociações o princípio da responsabilidade compartilhada, “guardando as diferenças de acordo com o grau de desenvolvimento das Nações”.
O evento ainda contou com a presença do ministro chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Samuel Pinheiro Guimarães, representantes dos ministérios do Meio Ambiente, Instituo Chico Mendes, da ANP, CTB, CUT, UNE e MST e outros.
De Brasília,
Iram Alfaia