Salvador sofre com risco de epidemia de dengue no verão

 Número insuficiente de agentes de combate a endemias e falta de ações concretas da Prefeitura para resolver o problema. Estes são dois dos principais fatores que levaram Salvador a liderar a lista das 11 capitais brasileiras com maior risco de nova epidemia de dengue neste verão. A cidade apresentou um índice de infestação de 3,5% dos imóveis visitados, segundo dados do Ministério da Saúde (MS) divulgados nesta quinta-feira (11/11), no lançamento da campanha nacional de combate à dengue.

 De acordo com o Ministério, o índice de infestação em Salvador está bem acima do apresentado pela segunda colocada da lista, a capital do Tocantins, Palmas, com 2,7%. Acima de 3,9%, a cidade é considerada de alto risco de epidemia. O índice é medido pelo Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (Liraa), que permite identificar os focos de concentração do mosquito em cada município. Em Salvador, oito bairros estão com alto risco de epidemia. A Bahia e outros nove estados também são apontados como de alto risco de epidemia.

Há cinco meses do alerta soado na quinta pelo MS, Salvador estava em alto risco. Em junho, a capital apresentou um Liraa de 4,1%, praticamente dobrando em relação à setembro de 2009, quando desceu a 2,2%. Para Eliaci Costa, coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue, as chuvas de 2010 e o deslocamento de agentes de saúde para o trabalho de prevenção a outras doenças, como leptospirose e raiva, explicariam o aumento.

Déficit de agentes

Salvador possui, atualmente, um déficit aproximado de 250 agentes de combate a endemias. A cada dois meses, duração de cada ciclo de combate ao mosquito, cerca de 200 mil imóveis deixam de ser visitados. Mas Eliaci defende que este não é o motivo da elevação do Liraa, pois o trabalho é concentrado nas áreas de maior infestação. “A estrutura é satisfatória, pois não são todos os imóveis que precisam receber visitas a cada dois meses. Muitas áreas têm infestação menor que 1%”, ela explica. Para visitar todo o 1,2 milhão de imóveis prioritários a cada ciclo, seria necessário um total de 1,6 mil agentes.

A situação da capital baiana já poderia ter sido resolvida, pois a Prefeitura chegou a realizar uma seleção para contratar novos agentes de endemias, mas apenas alguns foram convocados. “A partir da próxima semana vamos cobrar da Prefeitura que adote as medidas necessárias para evitar um novo surto desta doença, que é grave e pode até matar. É preciso garantir estabilidade e condições de trabalho para os agentes, para que eles possam desenvolver seu trabalho de forma satisfatória”, afirmou a líder do PCdoB na Câmara de Vereadores de Salvador, Aladilce Souza.

Para Aladilce, enquanto a Prefeitura não resolver a questão dos direitos dos trabalhadores, Salvador vai continuar sofrendo risco de epidemia de dengue. “A insegurança sobre o emprego faz com os agentes paralisem as atividades com freqüência, o que interrompe o trabalho de visita às casas e aumenta os riscos para a população”, concluiu a vereadora.

De Salvador,
Eliane Costa com agências