"Digitalização da cultura é um processo irreversível", diz Gil
“A cultura digital brasileira nasceu há oito anos de uma demanda conjunta do governo e da e da sociedade civil”, afirmou Claudio Prado, do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital. Para contar essa história e apontar perspectivas de futuro, o estudioso participou de mesa do II Fórum da Cultura Digital, com o cantor e compositor Gilberto Gil, o sociólogo Sérgio Amadeu, e John Perry Barlow, da Eletronic Frontier Foundation.
Publicado 16/11/2010 16:46
Claudio Prado falou sobre os eventos que, nesta semana, tem como tema a cultura digital. “O Fórum Geopolítica da Cultura e Tecnologia discutiu o papel do BRIC (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) em relação ao domínio e compreensão de tecnologias no século 21. Aqui no Fórum, estamos olhando com lupa o papel do Brasil na construção e consolidação da cultura digital”, resumiu.
Para Gilberto Gil, o atual governo foi capaz de acolher a discussão sobre o tema e permitir a abertura de uma série de linhas de ação, que já geram resultados. “A adoção de software livre, a maior possibilidade de compartilhamento, entre outras ações, fortaleceram comunidades, empresas e governo”, explicou.
Olhando para o futuro, Gil se mostrou otimista: “A digitalização da cultura é um processo irreversível. E ela tem sido responsável por devolver ao bem cultural sua alma, ou seja, tornando-o novamente imaterial”.
John Perry Barlow observou que a cultura foi transmitida nos últimos séculos por meios produzidos industrialmente. “Mas a cultura não é um produto. E agora, com a digitalização, ela tem a possibilidade de voltar a ser o que sempre foi, uma conversa livre”, afirmou.
O estudioso relembrou que, no início desse processo, não se poderia acreditar que o Brasil alcançaria a posição que tem hoje no âmbito da cultura digital: “Vejo que em outros países do mundo, como nos Estados Unidos, as redes sociais não são usadas como uma rede global, mas como subúrbios. Não se promove acesso à rede global, mas um falso acesso. O Brasil é um país de pessoas, de contato, esse cenário não poderia se repetir aqui”, observou.
Sergio Amadeu trouxe as premissas do Brasil na construção do Marco Civil da Internet: “No início, o tema regulação para internet não me parecia o melhor caminho, pois poderia impedir sua principal característica, que são os fluxos livres. Porém, o Brasil foi capaz de construir uma legislação que preza justamente isso, prevenindo-se, inclusive, de legislações distintas”.
Fonte: MinC