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Moção de desconfiança contra Berlusconi será votada em dezembro

Após a renúncia de vários membros de seu gabinete, o governo de Sílvio Berlusconi pode entrar em colapso, agravado por uma longa crise política e pela perspectiva de oposição popular aos planos de austeridades premeditados pelo governo.

O destino de Berlusconi no governo será definido em 14 de dezembro, quando a Câmara dos Deputados votará a moção de desconfiança contra o premiê apresentada pela oposição de esquerda.

No mesmo dia, o voto de confiança requerido pelo chefe de governo será submetido ao Senado. Esse quadro foi definido nesta terça-feira (16) pelos presidentes das duas câmaras do Parlamento, Gianfranco Fini e Renato Schifani, em encontro com o presidente italiano, Giorgio Napolitano.

Na segunda-feira (15), quatro membros do governo renunciaram aos seus postos: o ministro de Assuntos Europeus, Andrea Ronchi; o vice-ministro de Comércio Exterior, Adolfo Urso, e dois subsecretários, todos politicamente próximos ao presidente da Câmara, Gianfranco Fini, que retirou seu apoio a Berlusconi e passou a exigir a renúncia do premiê de 74 anos.

Entre outras coisas, Fini – um ex-neofascista que Berlusconi havia integrado ao seu governo – passou a criticar as leis de imunidade planejadas para impedir que o premiê possa ser julgado por corrupção.

No final de julho, Fini abandonou o partido do governo, Povo da Liberdade, levando consigo 40 deputados e senadores, com os quais fundou sua própria bancada e recentemente o partido Futuro e Liberdade para a Itália (FLI). O FLI defende um governo sem Berlusconi, cogitando uma eventual coalizão com os oposicionistas de centro-esquerda.

No entanto, o premiê não desiste, protelando de propósito a votação do orçamento, a fim de se manter por mais tempo no poder. O debate parlamentar sobre o orçamento começou nesta terça-feira na câmara baixa do Parlamento e sua aprovação final pela câmara alta deverá ocorrer em dezembro.

Diante da gravidade da crise econômica na Itália e da instabilidade dos mercados financeiros, o partido de Berlusconi acredita que o orçamento de austeridade para o próximo ano passará pela Câmara e pelo Senado sem obstáculos.

Segundo relatos da mídia local, Berlusconi quer convocar novas eleições, caso não seja confirmado no poder pelo voto de confiança do Parlamento. Isso foi o que o premiê concluiu após encontro com seus parceiros de coalizão da Liga Norte.

A impopularidade de Berlusconi vem aumentando nos últimos meses, embora uma pesquisa divulgada no sábado pelo diário Corriere della Sera indique que seu partido ainda conta com 26,5% das intenções de voto do eleitorado italiano.

Na enquete, o Povo da Liberdade é imediatamente seguido pelo Partido Democrata (PD), de centro-esquerda (24,2%), pela agremiação populista Liga Norte (11,8%), e pelo FLI, de Fini (8,1%).

Da redação, com agências