Dados do Dieese confirmam desigualdades

A economista e doutora em Desenvolvimento Ecléia Conforto, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), participou do I Encontro das Trabalhadoras Metalúrgicas de Caxias do Sul e Região, promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos. A palestrante apresentou dados do mercado de trabalho, tendo como foco a indústria caxiense.

Publicado 24/11/2010 12:25 | Editado 04/03/2020 17:10

No comparativo, Ecléia exibiu a evolução da participação feminina no mercado do trabalho, sendo 58% homens e 41,2% mulheres. Quando os dados são analisados sob o ponto de vista da indústria metalúrgica, diminui significativamente a presença de mulheres empregadas: são 77% do universo formado por homens e apenas 22% de trabalhadoras. Os dados são referentes a 2009 e permitem ainda identificar a faixa etária dessas metalúrgicas. O estudo do Dieese demonstra que as mulheres são jovens e têm entre 30 e 39 anos.

Em termos de estudo, no entanto, a mulher supera os homens. A trabalhadora é mais qualificada do que o homem: 41% das trabalhadoras têm curso superior completo contra 39% de homens. Os trabalhadores predominam no ensino fundamental e médio.

"Mesmo com a extensa jornada, que fica entre 41 e 44 horas semanais só na indústria, as mulheres conseguem estudar mais. A jornada dos homens é igual. O que diferencia é que a jornada da mulher é maior, porque tem de cuidar da casa, dos temas dos filhos, da saúde de familiares, estudar, entre outras atividades".

A economista estimulou ainda as mulheres a buscarem sua inserção mais ativa no movimento sindical para assegurar igualdade de direitos, como salários, e a aplicabilidade de leis como a da licença maternidade de 180 dias.

"A gente está em um momento muito bom para discutir cláusulas de gênero, que não beneficiam somente as mulheres, mas os trabalhadores. Temos de entender que não é uma disputa entre mulheres e homens, mas uma luta por igualdade de direitos", reforçou a palestrante.

Ecléia destacou que a primeira pesquisa de gênero da América Latina foi desenvolvida pelo Dieese por solicitação do movimento sindical e serve de referência no mundo.

Roberto Carlos Dias