Tropas brasileiras reforçam patrulhamento em Porto Príncipe
As tropas brasileiras da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) vão reforçar o patrulhamento das ruas de Porto Príncipe a partir desta quinta-feira (25). A medida se deve a informes recebidos pelas tropas sobre a possibilidade de ocorrências de distúrbios na capital haitiana, a três dias das eleições presidencial e parlamentar no Haiti, no domingo (28).
Publicado 25/11/2010 06:12
Nos últimos dias, o clima nas ruas de Porto Príncipe foi de aparente tranquilidade, sem registro de confrontos ou distúrbios envolvendo as tropas brasileiras. Nas ruas, placas, cartazes, pichações e carros de som anunciam os candidatos a presidente, deputado e senador.
A reportagem da Agência Brasil percorreu as ruas da cidade e constatou que os políticos que se elegerem terão grandes desafios pela frente, a começar pela reconstrução da capital depois do terremoto de janeiro, que deixou milhares de mortos e 1,3 milhão de desabrigados. O próprio Palácio Nacional, sede do governo haitiano, continua em ruínas. A maioria das casas que desabaram ainda está no chão e muitos escombros, sequer, foram recolhidos.
Outro desafio será o combate ao cólera e a outras doenças relacionadas com a falta de saneamento básico. Eles também vão ter que resolver a situação dos desabrigados que vivem em cerca de 900 acampamentos em condições precárias. Há problemas também nas áreas residenciais permanentes, como a Favela de Bel-Air, onde o esgoto corre a céu aberto.
Os canais e rios da cidade estão, em sua maioria, assoreados com imensas quantidades de lixo. Nas calçadas, um grande número de vendedores comercializam, em barracas, todo tipo de mercadorias, de roupas a comida. Nas barracas, a comercialização de comida, em sua maioria, é feita no chão sem a menor preocupação com a higiene. A água é vendida em saco plástico, numa espécie de sacolé, no qual os consumidores colocam a boca na embalagem.
Outro problema é a infra-estrutura de Porto Príncipe. As ruas são esburacadas e há pouca sinalização nas vias, com engarrafamentos diários. À noite, as ruas ficam escuras devido à falta de iluminação pública.
A zona comercial da cidade é formada por lojas de materiais de construção, lotéricas, barbearias, autopeças e estabelecimentos de venda de água potável, tratada com o sistema de “osmose reversa”, o mesmo usado pelas tropas brasileiras em sua base militar.
Em função das eleições, a Minustah iniciou uma operação chamada Bonjour, para aumentar a presença das tropas nas ruas e coibir os distúrbios. Com o aumento da possibilidade de incidentes, o efetivo será ampliado.
A situação no Haiti, conceituado segundo duvidosos critérios, como “Estado falido”, é uma denúncia viva de que falida está a chamada comunidade internacional hegemonizada pelo sistema imperialista.
É uma cabal demonstração da ineficácia de ”soluções” que se restringem ao aspecto militar. O país necessita de efetiva ajuda e ativa solidariedade internacional.
Para o Brasil e outros com governos democráticos e progressistas latino-americanos, que cederam tropas para organizar a Minustah, a presença militar no Haiti revela seus aspectos contraditórios. As tropas renovam sua presença a cada seis meses, no país caribenho que corre o risco de perda de soberania e transformação num protetorado militar.
Não se pode esquecer que o Mar do Caribe é considerado pelos Estados Unidos como uma espécie de”Mare Nostrum”, com presença permanente de sua frota de guerra e recorrentes ocupações militares ao longo da história.
Da Redação, com informações da Agência Brasil