Nota oficial do PCdoB-Rio: Existe luz no fim do túnel

Nas últimas semanas a cidade maravilhosa viveu sob forte tensão e medo em função dos ataques criminosos promovidos por bandidos desesperados e a possibilidade de derramamento do sangue de inocentes na resposta da polícia.

A ação firme e articulada das três esferas de poder permitiu a retomada de parte dos territórios ocupados por traficantes, restabeleceu a normalidade no cotidiano da cidade e acendeu uma chama de esperança para milhões de cariocas que não acreditavam mais na possibilidade de solução nos desmandos na área de segurança pública no nosso Estado, em particular na capital. Mais uma vez, na história de nossa cidade, fica demonstrado que a união entre governos federal, estadual e municipal, podem render frutos positivos na área de segurança, como ocorreu na ECO 92 e nos jogos do Pan 2007.

Na expectativa da realização da Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, a demonstração de força do poder público sinaliza firmemente para comunidade internacional nossa capacidade de controle do território, a garantia do direito de ir e vir de qualquer cidadão brasileiro e/ou estrangeiro em solo carioca e o respeito aos direitos humanos, conduzindo a situação para um desfecho pacífico sem mortes desnecessárias ou de inocentes. Reconhecemos e aplaudimos o que foi acertado, fiscalizaremos o que há a ser feito, principalmente ao que é feito longe dos holofotes e da mídia.

Entretanto é importante afirmarmos algumas questões. Não é de nosso desejo apenas que se estabeleça as condições necessárias para agradar aos interesses econômicos entorno da realização de megaeventos esportivos em nossa cidade. Não concordamos e não concordaremos com a idéia de focar as ações de combate a bandidagem apenas nas comunidades, como se lá fosse a origem do problema. As armas e as drogas não são lá fabricadas, chegam por outros caminhos e, muitas das vezes, por agentes públicos corruptos. É preciso sim, estender a ocupação territorial a todas as comunidades que estão sob o domínio do tráfico e ou da milícia e impedir a migração dos bandidos fugitivos para outras regiões ou municípios de nosso estado. Assim como também se faz necessário substituir a velha lógica policial de entrar, matar e sair por uma nova lógica: entrar, conquistar, proteger e desenvolver. Não será suficiente a ocupação por parte do poder público com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), política pública financiada pelo governo Lula, através do PRONASCI, sem o consequente investimento no conjunto de instalações necessárias às atividades humanas como rede de esgoto e de abastecimento de água, energia elétrica, coleta de águas pluviais, rede telefônica, gás canalizado, habitação digna, transporte público com qualidade, escola pública aparelhada em regime de tempo integral e valorização da produção cultural desenvolvida pelas comunidades.

Por fim o centro de nossa preocupação é com milhares de famílias, homens, mulheres, jovens, idosos, trabalhadores e trabalhadoras que ali vivem há décadas entre o fuzil da polícia e o fuzil do tráfico, com medo de serem abruptamente surpreendidos por alguma bala perdida, que neste momento nutrem uma enorme esperança e expectativa em dias melhores para além de 2014 e 2016.

Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2010
Comitê Municipal do Rio de Janeiro