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Violência no campo: quatro trabalhadores rurais mortos no Pará

De maio a outubro deste ano, quatro trabalhadores rurais, cujos nomes constariam numa “lista” de marcados para morrer, foram assassinados na área ainda não desapropriada da Fazenda Cristalino, localizada nos municípios de Santana do Araguaia e Santa Maria das Barreiras, no Pará, ocupada por cerca de 600 famílias desde 2008.

O advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frei Henri Burin des Roziers, divulgou documento denunciando os casos e fazendo novas acusações contra os supostos assassinos.

Segundo o documento, “os nomes de todos os acusados constam nas diversas ocorrências policiais registradas pelos trabalhadores na Policia Civil de Santana do Araguaia, na Delegacia de Conflitos Agrários de Redenção (DECA), na Policia Federal e junto ao Ministério Público Estadual.”

A ocupação da área foi feita em 2008 pela Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), numa área não desapropriada de 50 mil hectares da Fazenda Rio Cristalino (ex-Fazenda Volkswagen). A partir de 2009, muitas famílias se desligaram da FETRAF e criaram a “Associação dos Pequenos e Médios Produtores Rurais dos Retiros 1 ao 15” da Fazenda Cristalino, devido a pressão de um grupo que se faz passar por representante da entidade e extorque dinheiro das famílias.

Segundo o religioso, esse grupo pressiona para que eles saiam dos lotes que já tinham pago à entidade. E persegue as lideranças da nova Associação, cujos nomes constariam de uma lista de marcados para morrer.

Ele pede providências à Justiça e à polícia, questionando até quando as famílias da Fazenda Rio Cristalino vão ter que esperar pela prisão dos membros do grupo de extermínio? E alerta para o risco de novas mortes, que seriam de Dona Jocélia, viúva de Givaldo, um dos assassinados, que continua a trabalhar em seu lote do Retiro 7, ou Dona Rosário Pereira Milhomem, tesoureira da Associação, que continua a morar no seu lote, no Retiro 8, apesar das ameaças desses pistoleiros que apontaram armas em sua cabeça.

Os trabalhadores assassinados na área foram o lavrador Paulo Roberto Paim, morador do Retiro 5, pai de 2 filhos menores, assassinado em maio, na estrada do Retiro 5; José Jacinto Gomes, conhecido como Zé Pretinho, posseiro do Retiro 7, encontrado morto na sua própria roça, em junho, com diversos hematomas no corpo; Givaldo Vieira Lopes, pai de 3 filhos menores, morto por dois tiros na estrada do Lote 4, quando passava de motocicleta, em outubro e Lourival Coimbra Gomes, conhecido por “Baiano”, cujo corpo foi encontrado na sua própria casa, com a cabeça decepada, que não foi encontrada, também em outubro deste ano.

De Brasília
Com agências