Olinda recebe pinturas da artista francesa Julia Tiemann

“O que eu tento de lhes traduzir é mais misterioso, se entrelaça nas raízes mesmo do ser, na fonte impalpável das sensações.” (Cézanne). O cinema e a foto são certamente duas fontes importantes no trabalho da artista-pintora Julia Tiemann.

Diretora de arte de cinema em Paris desde 1999, após estudos literários ela se forma na indústria do filme francês, notadamente nos filmes de grandes orçamentos e grandes cenários. Rapidamente ela se especializa em desenhos, maquetes e a concepção de cenários. Outros elementos importantes na vida desta criadora são as viagens. Há muitos anos ela passa longas estadias na América Latina, particularmente na Argentina e no Brasil onde ela se inspira nos encontros humanos, nas luzes e nas cores. Ela aproveita para praticar igualmente a fotografia, e criar cenários para filmes publicitários.

Autodidata, Julia pinta há muitos anos, mas se decidiu a mostrar seu trabalho há pouco tempo. Após um longo período de criação de pinturas abstratas sobre plexiglas, ela volta à “vaga” de hiper realismo deste início de século.

O centro de interesses do seu trabalho é o individuo, entre a representação física de um lado e do outro as profundezas da sua alma com as cicatrizes.

“Minha pintura é uma pintura de sensações, e gostaria que o espectador olhando o indivíduo ai representado, sinta sutilmente uma pequena parte da alma escondida e esta energia vital pela qual ela é atravessada, mas também os sintomas mórbidos, as cicatrizes, um estranho instante petrificado entre a vida e a morte”.

A artista inspira-se em fotos de imprensa representando personagens célebres como os jazzmen Miles Davis, Coleman, o raper 50cent, o antigo presidente senegalês Senghor ou ainda pessoas anônimas em fotos tiradas por ela mesma, e transforma seus aspectos a sua maneira.

Mas a artista se acha sempre confrontada com a mesma questão: por que principalmente personagens negros?

“Se eu fosse eu mesma negra, ninguém me faria esta pergunta… Não, não se trata de uma inspiração de uma viagem à África”, responde a artista,” trata-se simplesmente de pessoas cosmopolitas como encontramos em metrópoles como Paris, New York, Londres ou São Paulo. Os negros são muito pouco representados na pintura, e quando os são, é sempre num contexto clichê ligado à miséria do continente africano, à escravidão ou às tradições tribais.

No entanto, tomando um metro em Paris ou New York são estas as fisionomias urbanas que encontro a cada instante… E há um interesse estético também: a pele negra capta a luz de uma maneira espetacular, na escuridão há todas as cores, e eu acho que ela é cheia de mistérios”.

A série “Symptômes” compreende vinte cinco telas de retratos representando indivíduos isolados, às vezes sob a água ou envolvidos numa cortina de fumaça fria, muitas vezes cobertos de “cicatrizes”. O ambiente é inquietante, violento, mas cheio de energia. Os personagens parecem vir de um lugar distante, captam os olhares, devoram o espaço e deixa o espectador tudo, menos indiferente.

Serviço:

Horário: segunda a sexta das 8h às 18h / sabado e domingo das 15h30 às 19h
Biblioteca Pública de Olinda
Avenida Liberdade, 100
Carmo,Olinda- PE
Contato: +55 81 97204677
www.juliatiemann.com

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