Comitê Estadual do PCdoB-ES aprova documento

Questão econômica do Espírito Santo

O Espírito Santo foi um dos estados que mais sofreu com os impactos da crise mundial do capitalismo em 2008. Mas seguindo o exemplo do país, o nosso estado foi o primeiro a se levantar da crise e hoje lidera todos os índices de crescimento da produção industrial brasileira.

O estado possuí o maior complexo portuário da América Latina, tendo uma forte vocação exportadora. Soma-se a grande ascensão do Brasil no mundo, fruto de uma política externa soberana, a modernização dos portos, a posição nova de 2° produtor brasileiro de petróleo e gás, dentre outros. Estes e outros fatores resultou, entre 2003 e 2009, um crescimento de 31% do nosso PIB, o maior da federação. Nesse mesmo período o PIB do Brasil cresceu 27%.

Com a previsão de investimentos na ordem de R$ 130 bilhões para s próximos 10 anos e 150 mil novos empregos diretos projetados para este período, o estado inicia esta nova década como grande destaque da economia brasileira.

Somente a PETROBRAS, com o advento do presal, deverá investir mais de R$ 65 bilhões no setor de petróleo e gás. E na esteira dos investimentos da estatal, vem empresas estrangeiras que, por sua vez, também aumentam a demanda pela prestação de serviços. Trata-se de um círculo virtuoso que vem trazendo riqueza e desenvolvimento ao nosso estado.

Há previsão também de investimentos nos setores de minério, aço, celulose. Além disso, vivemos um grande momento em setores como construção civil, café, rochas ornamentais, moveleiro, alimentos e bebidas, vestuário, prestação de serviços, entre outros.

O Espírito Santo, que experimenta um crescimento tardio, enfrenta desafios para se consolidar como um estado forte. Também tem a missão de reduzir desigualdades ainda existentes em nosso estado, levando desenvolvimento econômico sustentável para todos e o interior do estado.

Cabe ao nosso partido tencionar os movimentos sociais e os trabalhadores na discussão sobre a partilha deste virtuoso crescimento, pautando a questão da distribuição desta riqueza, para não corrermos o risco de termos um estado rico e ao mesmo tempo muita desigualdade.

Processo eleitoral 2010

O PSB se preparou para a eleição, fazendo seminários e conversando com diversos segmentos da sociedade e com os movimentos sociais. Assumiu compromisso de fazer um governo democrático, priorizando o desenvolvimento com geração de emprego e renda.

Mesmo assim o PSB teve dificuldade de impor a candidatura de Casagrande. Mas como a eleição estadual não é separada da nacional, e graças a intervenção de Lula, Renato Casagrande unificou as forças políticas de esquerda e centro em torno de sua candidatura e de Dilma e virou candidato palaciano quase imbatível.

O processo eleitoral no ES foi vitorioso para as forças democráticas, particularmente para esquerda. Elegeu Renato Casagrande, do PSB, governador do estado, tendo a segunda maior votação proporcional do país; elegeu uma bancada de senadores e deputados(as) federais comprometidos com o futuro governo de Dilma Rousseff.

O PCdoB procurou dar sua contribuição neste processo que se finda. Fomos o primeiro partido a declarar publicamente apoio ao Governador Casagrande num momento de dificuldade. Tínhamos convicção de que a candidatura de Ferraço representava no máximo continuidade, e Casagrande um avanço ao projeto em curso no Palácio Anchieta. Nosso estado precisava avançar em questões que o atual governo não mexeu.

Este acerto político possibilitou a união de 16 partidos (PCdoB , PSB, PT, PMDB, PDT, PR, PP, PRP, PTN, PV, PTdoB, PRB, PHS, PTC, PSDC, PSC) e o isolamento das forças de direita (DEM, PSDB, PPS, PMN,PTB)

Esta aliança expressou uma grande vitória eleitoral. A oposição elegeu apenas 1 federal e 7 estaduais, e o PSDB elegeu um federal e nenhum estadual. Já a aliança em torno de Casagrande elegeu 9 dos 10 federais, 23 dos 30 estaduais e os dois senadores. E a vaga de senado deixada por Casagrande ficou com Ana Rita do PT, fechando os três senadores do ES com o futuro governo.

É fato que no primeiro turno todos cuidaram de suas candidaturas. Mesmo assim, Dilma ganhou apertada no primeiro turno e perdeu por pequena margem no segundo. Com uma aliança tão ampla, revela, principalmente no 2° turno, pouco compromisso do atual governador PH e certa negligencia das forças políticas envolvidas com a eleição presidencial, além de extrema centralização do PT, dificultando a atuação de outras legendas.

Forças mais a esquerda saíram fortalecidas em 2010. O PT elegeu 1 federal, 4 estaduais, vice governador e ficou com a vaga de senado herdada de Casagrande; o PSB elegeu o governador, 2 estaduais e 2 federais; o PDT elegeu 3 estaduais e 3 federais. E outros partidos da base do novo governo tiveram bom desempenho, como o PMDB e PR. Neste ambiente, mesmo com resultado ainda tímido, o PCdoB encontra terreno para crescer mais.

Novo governo

Renato tem dito que vai valorizar os partidos aliados, evitando o trato com lideranças isoladas, garantindo espaços importantes na administração através das legendas. Também firmou compromisso de fortalecimento dos movimentos sociais.

Para garantir a união em torno de sua candidatura tem afirmado que fará um governo de continuidade. Mas também disse, e merece nossa atenção, que além de focar nos grandes projetos, dará atenção às questões sociais. Atacará problemas crônicos dos capixabas como segurança, saúde, distribuição de renda e desenvolvimento regional desigual. Prometeu levar avanço para todas as regiões do estado, principalmente as mais carentes, deixando de ser um governo só de empresários e centrado na GV.

Espaço na administração

O PCdoB participa de governos com o objetivo de ajudar os trabalhadores, contribuir para o sucesso da administração, porque também se beneficia disto, e crescer, para assim se tornar alternativa viável, podendo ajudar mais os partidos aliados em futuras batalhas.

O PCdoB tem interesse e se julga em condições de contribuir com o sucesso do futuro Governo do companheiro Renato Casagrande.

Quem ganha a eleição precisa administrar com seus aliados, que por sua vez precisam ter compromisso com o povo e lealdade com o principal expoente da Administração.

Não elegemos deputados, e por esta razão temos encontrado dificuldades para negociar. Mas a Comissão Política Estadual buscou ajuda no Comitê Central para encaminhar os pleitos do partido.

Resultado eleitoral do PCdoB

Mesmo eleitoralmente ainda modesto, computando em torno de 24,280 mil votos para deputado estadual e cerca de 4, 217 mil votos para federal, alcançando a primeira suplência para deputado estadual. Contribuímos também politicamente com a construção da frente, com a defesa da candidatura de Casagrande, do governo Lula, o apoio incondicional à Dilma, na defesa de um programa mais avançado com um Brasil e Estado desenvolvido, com distribuição de renda e socialmente justo.

Acertamos na aliança política e também fizemos a melhor aliança eleitoral. Foi a que elegeu com menos votos. E, apesar de não termos eleito ninguém, pois o desempenho dos nossos candidatos foi aquém do esperado, conquistamos a primeira suplência de deputado estadual. O último eleito, Dary Pagung teve 13.282 e Neto Barros, o primeiro suplente, 10.532.

De qualquer maneira é certo que teremos 2 anos de mandato ou um prefeito. Neto Barros e Dary Pagung vão disputar a prefeitura de Baixo Guandú. Henrique Vargas, já declarou que é candidato em São Gabriel da Palha, onde também temos projeto.

Foi a primeira vez que apresentamos para sociedade capixaba um número expressivos de candidatos à Deputado Estadual, desdobramento da orientação nacional. Mostrou-se correta a tática de ampliar o número de candidatos. Em 2006 computamos 4135 votos para deputado estadual. Registramos um crescimento de quase 500% em nossa votação. Projetamos lideranças, tivemos a oportunidade de debater idéias (que ainda necessita de maior aprofundamento) e ampliamos nossa votação. Mas ainda precisamos de um partido mais estruturado organicamente e uma demanda financeira e profissional capaz de atender às nossas necessidades.

A ausência de um partido melhor estruturado, com uma base social mais ampla dificultou até uma participação mais efetiva no 2° turno das eleições presidenciais.

Perspectivas

Apontamos que nossa principal dificuldade nas eleições é um partido ainda pequeno. Precisamos de uma base social mais extensa e um partido de feições modernas.

Precisamos fazer uma radiografia dos Comitês Municipais, saber como anda seu funcionamento regular, sobre o debate político e da linha partidária, quantas organizações de base possuem, quanto ajudamos a fortalecer a CTB, quantos sindicatos dirigimos, DCE, CA, DA, Associações de Moradores, como anda de fato a UNEGRO, UBM, CEBRAPAZ, UJS, etc…

Diz no Documento do CC: "Novas vitórias podem ser construídas a partir de agora. A presença ativa nos movimentos sociais, nas esferas institucionais de governo, na luta de idéias programáticas e as eleições de 2012 serão bases promissoras para isso.”

Este documento é apenas norteador. É preciso até o final de janeiro de 2011 preparar um outro sobre a organização partidária, e chamar todo coletivo para o debate. Já pensando no futuro, sem esquecer o passado, apontamos algumas questões para as futuras batalhas.

O Caminho é o fortalecimento das direções municipais com um firme acompanhamento da Comissão Política Estadual. Particularmente, em nosso estado, sugerimos adotar os seguintes critérios:

1) As Maiores cidades: Vila Velha, Serra, Cariacica, Vitória, Cachoeiro, Linhares, São Mateus, Colatina, Guarapari e Aracruz;
2) Capital;
3) Municípios Pólos: Alegre, Nova Venécia;
4) Municípios em que as Direções Municipais manifestaram interesse pelo Projeto de Prefeito: Baixo Guandú, São Gabriel da Palha, Domingos Martins, Piúma, Conceição da Barra
5) Municípios que temos Vereadores: Piúma, Domingos Martins, Ecoporanga, Fundão e Vitória

Sugerir as seguintes tarefas até 2012:

• Definição de um Secretariado até abril de 2011;
• Realizar filiações massivas, até outubro de 2011, de lideranças políticas expressivas da sociedade em todos os setores, a partir dos que foram candidatos e nos seguimentos sociais alcançados pela campanha do partido, – Chegar a 7 mil filiados;
• Organizar partido em 50 municípios;
• Realizar o curso de Nível I em todos os municípios que o partido estiver organizado e organizar a seção estadual da Escola Nacional;
• Realização de um seminário estadual para elaboração de um programa político e econômico sobre o Estado do Espírito Santo;
• Envio da Classe Operária a todos os municípios, além da divulgação da vida partidária;
• Conquistar um espaço maior no movimento social e um acompanhamento mais presente da direção política do partido com as frentes;
• Distribuição do Programa Socialista para os filiados, com realização de debates;
• Ampliar para 100 contribuintes no SINCOM;
• Reestruturar as Secretarias que tem tido dificuldades para funcionar;
• Debater mais profundamente, pondo em funcionamento, as Regionais no ES, aprovada em reunião de 13/03/2010;
• Consolidar a integração com o Rio de Janeiro e Minas Gerais;
• Preparar desde já projeto 2012-2014.

Vila Velha, 04 de dezembro de 2010.

Comitê Estadual do PCdoB-ES