Lula: Com R$ 10, o pobre vira consumidor; o rico, especulador
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta (10) que o Estado deve privilegiar as ações voltadas às classes mais pobres do país. Para Lula, os ricos não precisam tanto do Estado. Ele lembrou que o consumo das classes mais pobres sustentou a economia do país durante a crise econômica iniciada em 2008. As declarações foram dadas durante cerimônia de assinatura para obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste.
Publicado 11/12/2010 10:37
O presidente comentou o fato de que a oferta de crédito no Brasil praticamente triplicou em oito anos, atingindo o patamar de R$ 1 trilhão. “O Brasil inteiro, para financiar crédito para 190 milhões de habitantes, tinha apenas R$ 380 bilhões”, observou Lula.
“Só o Banco do Brasil tem (hoje) mais do que o país tinha em 2003; só o BNDES, tem (hoje) uma carteira de financiamento de quase US$ 500 bilhões. É infinitamente maior do que o Banco Mundial”, gabou-se, mas ressaltando: “Não basta crescer; é preciso crescer e ter uma política de distribuição de renda, melhorar a vida daqueles que mais precisam”.
Lula destacou que, na hora da crise, quem sustentou o crescimento da economia, foram as classes C e D, que consumiram mais do que a A e a B. “Dê a um pobre R$ 10 que ele vira consumidor, dê a um outro cidadão [rico] R$ 1 milhão que ele vira especulador. Essa é a diferença básica do crescimento econômico desse país”, discursou Lula em Ilhéus na Bahia.
"Quando você leva R$ 10, R$15 na mão de um pobre, aqueles R$ 10 se transformam num produto de crescimento econômico. Porque a pessoa não vai comprar dólar, a pessoa vai numa bodega comprar um feijãozinho", afirmou.
Segundo ele, quando houve o abalo na economia mundial em 2008/2009, o Brasil experimentou uma queda na sua indústria em 2009 porque muitas empresas – inclusive multinacionais, com matrizes no exterior – pisaram “pra valer” no breque ao preverem“um tsunami” quando “poderiam apenas ter diminuído a velocidade de 120 para 110 para desviar da marolinha”.
Ao mesmo tempo, o governo federal agia no sentido contrário. “E no auge da crise, eu fui para a televisão fazer a apologia do consumo, pedir para o povo brasileiro não parar de comprar, porque, se ele parasse de comprar, a empresa não ia produzir, a loja não ia vender, ele não ia ter emprego, não ia ter salário, e aí é que a crise viria para arrebentar o povo brasileiro”, acentuou.
Ele também ironizou a postura de ex-presidentes emrelação ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “Era tudo para pagar o FMI. Agora, são eles (o FMI) que devem para a gente US$ 14 bilhões”
Estado é para os pobres
“As pessoas pensam que o Lula só cuida de pobres, o Bolsa Família é para pobre, o Luz para Todos é para Pobre. Primeiro que o Estado é para cuidar dos pobres, os ricos não precisam do Estado. Quem precisa do Estado é a parte mais pobre do país”.
Segundo Lula, os dados divulgados na quinta (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o país poderá crescer entre 8,4% e 8,5% neste ano, mas isso só valerá a pena se houver distribuição de renda. "A gente sabe que essa cominação é possível”, disse.
De acordo com o Ministério dos Transportes, o trecho entre Ilhéus e Caetité terá 537 quilômetros de extensão com investimento de R$ 2,4 bilhões. O primeiro trecho tem entrega prevista para dezembro de 2012. Outro trecho da ferrovia, Caetité-Barreiras-São Desidério (BA), tem previsão de entrega dos seus 485 quilômetros para dezembro de 2013.
O empreendimento integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ligará as cidades baianas de Ilhéus, Caetité e Barreiras a Figueirópolis, no Tocantins.
Com agências