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Estádio próprio faz clubes de Natal ignorarem Estádio das Dunas

Polêmico desde que foi anunciado como palco da Copa de 2014 em Natal, o Estádio das Dunas vive sob a constante ameaça de já nascer como um "elefante branco". Menos pelas previsões negativas, e mais por uma questão estrutural do futebol natalense. Isso porque justamente no ano em que deve ser construída a nova praça esportiva potiguar, dois dos três clubes da capital sem estádios próprios anunciaram o desejo de erguê-los.

O Alecrim, que caiu da Série C para a Série D do Brasileirão neste ano, já anunciou uma parceria com o Potiguar de Parnamirim, cidade da Grande Natal, e vai utilizar o estádio Tenente Luís Gonzaga para mandar seus jogos a partir de 2011. A estrutura precisa de poucos ajustes para receber jogos oficiais, e o Alecrim assumiu a responsabilidade de deixá-lo apto em tempo recorde.

"Essa parceria será muito boa para o Alecrim, que terá onde mandar seus jogos, e para o Potiguar, que pode ter seu estádio recuperado sem precisar gastar um tostão", disse o Orlando Caldas, presidente do Alecrim.

A situação do América, que caiu da Série B para a C do Brasileiro, é um pouco mais complicada. A pressão da torcida surtiu efeito e o Conselho Deliberativo do clube aprovou em novembro o projeto de construção de um estádio próprio, seguindo a mesma tendência do rival, o ABC, que inaugurou o Frasqueirão em 2006.

A permuta de uma parte da sede social, localizada em bairro nobre da cidade, é o suficiente para alimentar o sonho do torcedor de ter sua própria casa, denominada por hora de Arena do Dragão, em homenagem ao mascote do América. Em princípio, o estádio será construído na área do centro de treinamento do clube, também em Parnamirim.

Uma comissão formada por dirigentes e conselheiros americanos negocia com uma empreiteira o projeto de construção de prédios comerciais e residenciais na parte em negociação da sede, além de um estacionamento. Extra-oficialmente, calcula-se que o negócio possa render R$ 19 milhões ao clube.

A Arena do Dragão teria capacidade inicial de cinco mil pessoas, mas a intenção é que comporte público de até 20 mil torcedores no futuro.

Como o ABC já tem seu campo de futebol –que, inclusive, deve ser indicado para centro de treinamento na Copa– e América e Alecrim seguem no mesmo caminho, o Estádio das Dunas passa a ser uma incógnita e, ao mesmo tempo, um paradoxo, já que há um abismo entre a realidade do futebol potiguar e a modernidade da nova praça.

As médias de público praticadas nos últimos anos estão longe de manter um equipamento caro como o Estádio das Dunas. Segundo Fernando Fernandes, gestor da Copa em Natal, será necessário uma média de público em torno de 20 a 25 mil espectadores por jogo com o ingresso custando cerca de R$ 50 para sustentar a nova arena. A média de público do América, que manda seus jogos no Machadão, este ano, na Série B, foi de três mil torcedores.

Já o Campeonato Potiguar 2010 teve média de 1.400 torcedores, com custo médio de ingresso de R$ 20. Apesar de tudo conspirar para que o Estádio das Dunas se transforme em mais um "elefante branco" no país, os gestores da Copa em Natal apostam no modelo multiuso para alimentar a viabilidade do estádio.

"Não é só de futebol vai viver o Estádio das Dunas", disse Fernandes. "O estádio será gerido por uma empresa experiente em administração de arenas multiuso".

Se o sonho do gestor da Copa potiguar se transformar em pesadelo, o estado ficará com uma conta salgada para pagar. O Estádio das Dunas está orçado em mais de R$ 400 milhões. Em novembro, o governo tentou fechar uma parceria privada para a construção e gestão do empreendimento, mas não apareceram interessados. Haverá nova tentativa em março.

Fonte: Portal Copa 2014