Papel da mídia no projeto neoliberal é tema de livro

Sob o título “Jornalismo de campanha e a Constituição de 1988”, o livro do deputado federal e jornalista Emiliano José (PT) faz uma análise do discurso da mídia nacional na década de 1988 a 1998, com enfoque na desconstrução da Constituição de 1988 e na implantação do projeto neoliberal no Brasil. A obra é resultado de tese de doutorado defendida na Faculdade de Comunicação da UFBA.

Na visão do autor, o chamado “jornalismo de campanha” tem início na Era Collor, assume a ideologia neoliberal, faz lobby por reformas antissociais, demoniza as empresas estatais, santifica as privatizações, constrói um contexto-catástrofe e defende o desmantelamento da Previdência, a extinção de direitos trabalhistas, o enterro do nacional-desenvolvimentismo, o primado do deus-mercado e o estado mínimo. “A imprensa tem escolhas, tem lado, programa político. Apoiou FHC e combateu Lula. As oligarquias midiáticas não aceitam redistribuição de renda”, afirma Emiliano.

Para ele, a imprensa desconstruiu, a tal ponto, os valores de igualdade e cidadania, que promoveu uma perversão da linguagem: antirreforma passa a ser reforma, privatizar é modernizar, estatizar é atraso, demitir é enxugar, Previdência é “terrível monstro”. O parlamentar, entretanto, acredita numa mudança de perfil dentro da abordagem jornalística praticada no país: “O jornalismo deve ter a ética do cidadão, não mentir, não inventar, não produzir matérias à base do ‘teste de hipóteses’”, pontuou.

O lançamento do livro será no dia 28 de janeiro, às 18h, na Livraria Cultura – Salvador Shopping. Na oportunidade, também será lançada a segunda edição de “Imprensa e Poder – ligações perigosas”, de autoria do próprio Emiliano José. A publicação, de 1996, aborda a CPI de PC Farias e o impeachment de Fernando Collor, com depoimentos de Clóvis Rossi, Bob Fernandes, Gilberto Dimenstein e João Santana.

De Salvador,
Camila Jasmin, com informações da Ascom/Dep. Emiliano José