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Renato Rabelo: PCdoB não tramou candidatura de oposição na Câmara

O deputado Marco Maia (PT-RS) praticamente consolidou sua candidatura a presidente da Câmara Federal nesta semana. Já tinha fechado acordo com o PMDB. Depois, acertou-se com a oposição (PSDB, DEM e PPS). Nesta semana, fechou com o governador Cid Gomes (PSB) — com quem se encontra nesta segunda-feira (17) no Ceará — e está praticamente amarrado com o outro líder partido, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Mas sua maior conquista talvez tenha sido desfazer a candidatura de um adversário de peso, o ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Em entrevista ao Poder Online, do iG, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, revela que a presidente Dilma Rousseff teve um papel fundamental no apoio do partido a Marco Maia. Mas lembra que a pré-candidatura de Aldo não era um pleito do partido.

Poder Online: A presidenta da República procurou o PCdoB?
Renato Rabelo: Ela ligou para mim há cerca de 20 dias.

Poder Online: E isso foi importante para a decisão do partido?
Renato Rabelo: Se a presidente da República nos diz que a candidatura do Aldo poderia ser interpretada como um movimento de oposição – e que isto não era bom para o governo –, é claro que nós temos que levar isso em conta.

Poder Online
: Foi o que o sr. respondeu a ela?
Renato Rabelo: Respondi que o Aldo não havia se lançado – e que não pensávamos de forma alguma numa candidatura de oposição. O nome do Aldo poderia, sim, ser uma alternativa dentro da base de apoio ao governo. Mas eu disse que, naturalmente, a opinião dela pesava, que levaria o assunto à bancada. E foi o que ocorreu. A bancada discutiu e resolveu apoiar a candidatura de Marco Maia.

Poder Online: O sr. acha certo esse rodízio entre PT e PMDB no comando da Câmara?
Renato Rabelo: Não somos ingênuos. É natural que os dois maiores partidos se revezem. O problema é a forma como isto vinha sendo articulado. Eles decidiram entre si e, logo depois, o Marco Maia procurou a oposição. Como se nós fôssemos obrigados a apoiar a decisão deles, sem discutirmos a nossa participação.

Não estão em jogo somente a presidência da Casa e cargos na Mesa Diretora. Estão em jogo as relatorias de projetos, as presidências de Comissões Parlamentares de Inquérito, as Comissões Especiais… Há várias coisas nas quais todos os partidos têm que ter seu espaço garantido no dia a dia do Parlamento.

Poder Online: E isto foi resolvido?
Renato Rabelo: O Marco Maia veio aqui em São Paulo, tomou um café da manhã conosco, desfez o mal-estar. Deixou claro que garantirá o nosso espaço.

Poder Online: E o Aldo Rebelo?
Renato Rabelo: Ele entendeu tudo. Afinal, o Aldo não tinha lançado a candidatura. Estava sendo procurado por pessoas insatisfeitas, inclusive do próprio PT. Mas ele não queria se lançar como candidato de oposição. Com a entrada do governo — e com o PT e o PMDB revendo a forma de tratar o rodízio –, não havia mais motivo, nem espaço para uma candidatura alternativa. Ele entendeu isso bem.