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Número de desaparecidos na região serrana do Rio sobe para 430

  O número de pessoas desaparecidas em consequência das chuvas que atingiram municípios da região serrana fluminense na semana passada subiu para 430. De acordo com o último boletim do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), divulgado na manhã de hoje (22), em Teresópolis foram registrados 211 desaparecimentos; em Nova Friburgo, 124; e em Petrópolis, 48.

Também há desaparecidos na cidade de Sumidouro (4), Bom Jardim (1), Cordeiro (1) e São José do Vale do Rio Preto (1), além de 40 desaparecidos em localidades não informadas.

A lista de desaparecidos é atualizada e divulgada pelo MPRJ por meio do Programa de Identificação de Vítimas (PIV). A relação é consolidada diariamente com base em informações registradas por parentes e amigos e checadas com os dados de hospitais e das unidades do Instituto Médico Legal (IML) nos municípios atingidos. Esta nova totalização foi finalizada por volta das 22h de ontem (21), mas só divulgada na manhã de hoje (22).

As alterações em relação às listas anteriores ocorrem porque novos nomes são registrados ou porque as pessoas reaparecem, vivas ou mortas. As mortes já confirmadas na região serrana, por causa das chuvas, já ultrapassam 770 nesses municípios.

Regiões isoladas

Dez dias depois da enxurrada que arrasou municípios da região serrana do estado do Rio, ainda há pessoas isoladas e que dependem unicamente do transporte aéreo para garantir a sobrevivência. Uma das localidades mais afetadas pelos deslizamentos de terra é Santa Rita, distrito distante cerca de 30 quilômetros do centro de Teresópolis. As estradas de acesso à pequena comunidade foram cobertas por toneladas de lama, pedras e árvores na madrugada do dia 12.

Para as famílias que moram em Santa Rita, a única ligação com Teresópolis são os helicópteros, que conseguem pousar em clareiras trazendo comida, água, remédios e ajudando no resgate de doentes ou feridos. Quando avistam as aeronaves, os moradores abanam e começam a agitar lençóis brancos, na esperança de serem atendidos. Instantes depois dos helicópteros tocarem no solo, a carga é retirada com rapidez. “Nós ficamos sem comida e sem água. Estamos ilhados desde o dia do temporal”, vibrava Sônia Maria Ferreira. “Eles estão salvando nossas vidas”, completava a vizinha Maria Aparecida de Oliveira, mãe de cinco filhos.

Sem perder tempo, as aeronaves decolam, pois nuvens pesadas indicam que mais chuva se aproxima. Em seguida, um dos helicópteros, que decolou com 500 quilos de mantimentos, pousa novamente, desta vez em uma região ainda castigada pela enchente, onde casas que ficavam às margens de um riacho agora estão no meio do curso d´água, formando uma ilha.

Ali também os moradores logo surgem, passando por pontes improvisadas, pois sabem que os helicópteros trazem a garantia de sustento. Do alto é possível ver o porque do isolamento: as estradas que ligam os sítios à cidade continuam intransitáveis. Máquinas e tratores ficam pequenos diante do tamanho dos deslizamentos, indicando que ali ainda serão necessários muitos dias de trabalho incessante para liberar o caminho.

A maior parte das aeronaves decola de um campo de futebol, transformado em base aérea integrada. O comando da operação, que conta com seis helicópteros, é do major da Força Nacional de Segurança Roberto do Canto. Com 23 anos de Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Canto reconhece que esta é a maior missão de sua carreira. “Essa missão, com certeza, é a mais complexa. A maior em termos de tragédia e a que demandou maior concentração de esforços e integração entre vários órgãos. A experiência é muito válida para que a gente possa, cada vez mais, ir aperfeiçoando a forma de atuar, em conjunto, entre inúmeras forças”, afirmou Canto.

Por dia, os seis helicópteros fazem cerca de 120 missões de socorro e resgate. São duas aeronaves do governo de São Paulo, uma do governo do Paraná, uma da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), uma do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e uma da Secretaria de Segurança do estado do Maranhão, que voou doze horas e precisou pousar cinco vezes para reabastecer antes de chegar em Teresópolis.

Fonte: Agência Brasil