Empresas negam todas as reivindicações dos jornalistas

Depois de três rodadas de negociação, finalmente as empresas de rádio e televisão do Ceará apresentaram uma resposta para a pauta de reivindicações da campanha salarial dos jornalistas de mídia eletrônica. As emissoras negaram todas as reivindicações dos trabalhadores, "reivindicaram" a formalização de um banco de horas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e ainda ameaçaram entrar com um dissídio coletivo na Justiça, caso a comissão de negociação do Sindjorce recusasse a proposta patronal.

Logo no início das negociações, o representante patronal tentou, sem sucesso, criar um desnecessário clima de tensão. "Não quero foto minha, nem da bancada (patronal)", exigiu.As contradições no discurso do representante patronal também chamaram a atenção do grupo. Para negar a cláusula do vale refeição, tratada como um mero "custo adicional", o negociador patronal argumentou que a carga horária dos jornalistas (cinco horas diárias) não lhes dá direito a alimentação, mas somente "descanso". Logo em seguida, se contradisse ao defender a "flexibilização" da jornada de trabalho dos jornalistas e a inclusão de um "sistema de compensação de horas" na CCT.

"Não é uma incoerência defender a formalização de um banco de horas (substituição do pagamento de horas extras por folgas) quando você mesmo acabou de dizer que os jornalistas não têm direito a vale-refeição porque não ultrapassam sua carga horária diária?", questionou o diretor executivo do Sindjorce, Evilázio Bezerra.

O representante patronal caiu novamente em contradição quando rejeitou a reivindicação de adicional de 50% para jornalistas que ocupam cargo de chefia. "Essa gratificação já existe em lei", disse. Após consultar o parágrafo único do artigo 62 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que prevê 40% de gratificação, a comissão do Sindjorce sugeriu que o mesmo percentual fosse adotado na CCT. Mais uma vez, a reivindicação foi negada.

"É uma grande contradição argumentar que a CLT já prevê uma gratificação de chefia de 40% e não aceitar a inclusão do mesmo percentual na Convenção Coletiva dos jornalistas, principalmente quando os colegas de impresso já têm assegurada em sua Convenção uma gratificação de 50%", avaliou a diretora de Administração e Finanças do Sindorce, Déborah Lima.

Na ausência de argumentos plausíveis para justificar a recusa de todas as reivindicações dos jornalistas, o negociador patronal se traiu. "É não por não", encerrou a conversa, deixando claro que as empresas não atendem às reivindicações dos trabalhadores simplesmente porque não querem.

A postura de intransigência surpreendeu a comissão de negociação do Sindjorce. "Acho que o sr. Edilmar (Norões, presidente do sindicato patronal) não iria gostar de saber que o seu representante tem esse tipo de postura na mesa de negociação com os jornalistas", afirmou Déborah Lima.

Os jornalistas recusaram a contraproposta patronal e confirmaram presença na quarta rodada de negociação da campanha salarial dos profissionais de mídia eletrônica, agendada para o dia 1º de fevereiro, às 13h30, na sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE). A categoria reivindica 13% de reajuste para todas as cláusulas econômicas e os patrões oferecem 6,47%.

Reivindicações dos jornalistas e a posição dos patrões

Piso de R$ 1.717,02 – Negado

Adicional por tempo de serviço – Negado

Reajuste de 13% nas cláusulas econômicas – Negado, com contraproposta de 6,47%

Vale refeição – Negado

Comissões de saúde – Negadas

Gratificação de chefia – Negada

Antecipação salarial – Negada parcialmente

Assistência social – Negada

Salário por substituição – Negada parcialmente

Estabilidade durante a campanha salarial – Negada

Publicação sindicais – Negada

Fonte: Sindjorce