No aniversário de São Paulo, Kassab enfrenta protestos 

No final da manhã, Kassab se defrontou com a primeira manifestação do dia. Por volta das 11h, moradores do bairro Itaim-Bibi promoveram um apitaço em defesa do patrimônio histórico no momento em que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) deixava a Catedral da Sé, onde assistia à missa de comemoração dos 457 anos da capital. O protesto foi organizado contra o projeto de permuta de um terreno com árvores e equipamentos municipais naquele bairro por creches em outras regiões.

À tarde, durante a reabertura da Biblioteca Mário de Andrade, manifestantes protestaram contra o aumento da tarifa de ônibus para R$ 3. Enquanto Kassab discursava, cerca de dez pessoas levantaram cartazes e entoaram palavras de ordem em protesto contra o aumento da passagem de ônibus na cidade, que passou de R$ 2,70 para R$ 3 na primeira semana de janeiro. Um tumulto teve início e seguranças da prefeitura levaram um dos manifestantes embora, com ajuda da Guarda Municipal. Os demais participantes se dispersaram e deixaram o local pacificamente.

Repressão

"Numa democracia, manifestações são compreensíveis, mas o importante é que hoje é um dia de festa. Se houve algum excesso na repressão à manifestação, isso vai ser apurado posteriormente", afirmou Kassab. O assistente social Rui Ferreira, 30 anos, foi agredido duas vezes. Uma por um segurança da prefeitura e outra quando foi empurrado ao chão, pelo diretor do Centro Cultural da Juventude, Leandro Benetti. "Ele me agrediu no rosto três ou quatro vezes", retrucou Benetti. O caso foi parar na delegacia, mas a prefeitura não comentou a confusão envolvendo o funcionário municipal.

A repressão parece não ter intimidado os manifestantes: "quando menos esperarem, vamos estar lá de novo", declarou Marco Magri, um dos participantes do protesto e membro do Movimento Passe Livre. Magri disse que o grupo quer que Kassab vá à Câmara Municipal explicar o motivo do aumento da passagem de ônibus no mesmo momento em que foi dado maior subsídio às companhias de transporte.

A prefeitura tenta justificar, afirmando que, com o aumento das tarifas de ônibus, será feita a renovação de 65% da frota de ônibus pela cidade, aumento de veículos acessíveis e extensão da validade do Bilhete Único de duas para três horas. A SPTrans disse também que, graças ao reajuste, será possível a criação do Bilhete Amigão, que permite ao usuário do Bilhete Único fazer quatro viagens de ônibus em até oito horas, aos domingos e feriados.

Enchentes

Ainda na terça-feira (25), mais de cem manifestantes fecharam a Avenida Nordestina, uma das principais vias do bairro Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. Três ônibus foram incendiados após as enchentes que atingiram novamente o bairro. Além das enchentes, outra questão colocada pela população foram as desapropriações na região.

Na segunda-feira (24), ocorreu outra manifestação, desta vez na zona sul da capital. Moradores do bairro Cidade Dutra fecharam as principais ruas da região. O governo acionou a Polícia Militar para reprimir o protesto, mas não conseguiu dispersar os manifestantes, que resistiram com pedras e fogos de artifício. Depois do confronto, os moradores ainda se dirigiram à subprefeitura da região. No total, os protestos duraram mais de sete horas.

Nesta semana foram registrados, ainda, protestos contra a administração tucana de Geraldo Alckmin no governo do estado, tendo como estopim os desastres causados por enchentes. Em Mauá, cidade da Grande São Paulo, o protesto ocorreu após as enchentes que atingiram a cidade no último dia 18. A Avenida Castelo Branco foi fechada e os moradores do local fizeram barricadas nas ruas.

Da redação, Luana Bonone, com agências