Juiz britânico adia decisão sobre extradição de Julian Assange
O juiz Howard Riddle se pronunciou depois de três dias de audiência no tribunal de Belmarsh, no sudeste de Londres.
Publicado 11/02/2011 17:50
Durante a audiência de terça-feira (8), a defesa de Assange tentou apontar irregularidades na forma como a Promotoria sueca emitiu o mandado de prisão para o criador do WikiLeaks, que é acusado de crimes sexuais no país.
Assange, que nega ter violentado duas mulheres suecas, iniciou na segunda-feira sua batalha legal para tentar impedir a extradição. Ao sair da primeira audiência, o fundador do WikiLeaks disse que espera provar sua inocência e classificou as acusações de "vazias".
O advogado que comanda a defesa de Assange, Geoffrey Robertson, acusou nesta sexta-feira o primeiro-ministro sueco, Frederik Reinfeld, de ter transformado Assange “em inimigo público número 1”. “Assange é o inimigo público número 1, segundo as declarações do primeiro-ministro", disse Robertson. "Em um país pequeno (como a Suécia), suas afirmações criaram uma atmosfera tóxica", acrescentou.
Na quarta-feira, o premiê sueco considerou "lamentável que os direitos das mulheres e seus pontos de vista sejam tão pouco levados em conta" pela defesa de Assange. Também sustentou que o seu país tem "um sistema judicial independente", ao contrário das insinuações dos advogados do fundador do WikiLeaks.
Na audiência de segunda-feira, Robertson disse que seu cliente correrá o risco de não ter um "julgamento justo" se for extraditado. Robertson afirmou que os julgamentos de estupro na Suécia ocorrem, regularmente, "a portas fechadas, em um flagrante de injustiça". O advogado afirmou que artigos em vários jornais do país descreveram Assange como um covarde que se recusa a voltar para a Suécia. "Existe o perigo de que, com este tipo de campanha da imprensa, este julgamento secreto sofra com a parcialidade", afirmou.
Pena de morte
Robertson afirmou ainda que Assange poderá ser condenado à morte caso seja extraditado para os Estados Unidos por ter vazado documentos secretos do país. O advogado alega que, se seu cliente for obrigado a ir para a Suécia, ele poderá ser extraditado para os Estados Unidos ou até mesmo ser enviado para a prisão de Guantánamo por outras acusações, ligadas à divulgação de documentos diplomáticos secretos pelo WikiLeaks. Os promotores do caso afirmam que qualquer ameaça de tratamento injusto para Assange será corrigida com a intervenção da Corte Europeia de Direitos Humanos.
Também advogado de defesa de Assange, Bjorn Hurtig disse que as duas mulheres que denunciaram seu cliente na Suécia por crimes sexuais podem ter "interesses ocultos" para acusar o fundador do site WikiLeaks, já que falam em "vingança" e sobre "conseguir dinheiro". Hurtig fez esta declaração ao prestar depoimento no tribunal londrino de Woolwich, na segunda audiência do processo de extradição do ativista australiano à Suécia.
Fonte: Terra