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Governo pressiona líderes na Câmara por mínimo de R$ 545

O governo está confiante que vai conseguir aprovar na próxima quarta-feira (16), na Câmara dos Deputados, o valor de R$ 545 para o salário mínimo este ano, contrariando a oposição e as centrais sindicais, que querem aumento real. Nesta segunda-feira (14), na reunião da coordenação política com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, o governo bateu o martelo e, de acordo com o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, “não há plano B” para a questão do mínimo.

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A aprovação do novo valor do mínimo é o primeiro embate do governo da presidenta Dilma Rousseff com o Congresso e com os movimentos sociais, e a reunião da coordenação política serviu para traçar estratégias para vencer a queda de braço com a oposição no parlamento. O assunto foi o único tratado na reunião de hoje. Para convencer os deputados e garantir que não haverá dissidências, ficou acertada uma reunião com os líderes da base na Câmara para esta terça-feira (15), ao meio-dia. Além disso, já está marcada uma comissão geral com a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para debater o assunto na Casa. Dos 513 deputados, 388 são de partidos da base aliada.

Na mesma terça-feira, as centrais sindicais prometem realizar mobilização no Congresso Nacional, com o mesmo objetivo do governo: pressionar os parlamentares. O movimento sindical cobra reajuste real do salário mínimo – ou seja, acima da inflação.

Sem plano B

“Não existe plano B. O que estamos votando não é somente um valor. Estamos votando uma política de valorização do mínimo que já se mostrou vitoriosa”, disse Guido Mantega, ao sair da reunião. “O valor de R$ 545 é o estabelecido, vinculado à política, não pode haver exceções”, enfatizou o ministro.

O acordo para reajustar o valor do salário mínimo prevê o cálculo da inflação do ano anterior, 2010 nesse caso, mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes, ou seja, referente à de 2009. O governo alega que está cumprindo o acordo, mas as centrais sindicais querem que neste ano, o governo trate com “excepcionalidade” o reajuste, pois o PIB de 2009 apresentou variação negativa, afetado pela crise econômica internacional.

“A mesma excepcionalidade com que o governo tratou a indústria, as instituições financeiras na época da crise deve ser aplicada agora ao salário mínimo. Não dá para usar o salário mínimo como forma de conter inflação”, contestou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos.

Promessa de campanha

As centrais alegam, ainda, que Dilma prometeu durante a camapnha eleitoral que o salário mínimo de 2011 teria aumento real. O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, lembra o momento em que Dilma se comprometeu com a bandeira: “na campanha, quando o Serra prometeu aumentar o salário mínimo para R$ 600, Lula veio com Dilma a um comício em São Miguel Paulista e os dois garantiram que o mínimo teria aumento real”.

Ao sair da reunião, Luiz Sérgio disse que a correção da tabela do Imposto de Renda para Pessoa Física (IRPF) é possível, mas o governo quer tratar o assunto atrelado à votação do mínimo. “A correção da tabela do IR é possível. Evidentemente será debatida tão logo superemos a matéria relativa ao salário mínimo”, disse. “Cada dia com sua agonia. Neste momento estamos centrados na discussão do salário mínimo mas é claro que existe uma preocupação do governo em relação ao reajuste da tabela do imposto de renda”, enfatizou.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) avaliou que o apoio à proposta governista para o mínimo vem crescendo na base. “Da semana passada até hoje aumentou o apoio aos R$ 545. Houve uma reunião do PCdoB, o PDT abriu uma discussão interna e o PSB também avançou. Posso assegurar que o PT, PMDB, PR e PTB já estão bastante decididos”, disse Vaccarezza após participar da reunião da coordenação política com a presidenta Dilma.

Da redação, Luana Bonone, com informações da Agência Brasil