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Governistas mostram insegurança na véspera da votação do mínimo

Enquanto o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) alardeava nesta terça-feira (16) para a imprensa que a proposta de R$ 545,00 para o salário mínimo seria aprovada com tranquilidade, o ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) dizia que a aprovação não seria "uma luta fácil, mas uma luta constante".

Após a passagem do ministro da Fazenda, Guido Mantega, pela Comissão Geral da Câmara dos Deputados, o governo contabilizava uma vantagem de, pelo menos, 100 votos para a aprovação do salário mínimo de R$ 545, amanhã.

Dos 513 deputados, nas contas do Palácio do Planalto cerca de 320 estariam a favor, ante cerca de 180 que optariam por um valor maior, incluindo parlamentares da base e da oposição. A aprovação será por maioria simples: metade mais um dos presentes em plenário, sendo que para abrir a votação é preciso um quórum mínimo de 257.

"A situação do governo é confortável. Estamos bem", disse o líder do PT na Câmara, deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), evitando falar em números.

Já seu colega petista Luiz Sérgio teve que sair apagando incêndios nas bancadas e negando que esteja ameaçando quem votar contra os R$ 545,00.

Luiz Sérgio esteve presente, na Câmara, de toda a comissão geral que discutiu o salário mínimo.

Para evitar surpresas, o Planalto colocou todos os seus líderes para fazerem um trabalho intensivo de convencimento junto à base parlamentar.

Como parte da estratégia, Dilma enviou emissários ao Congresso, para negociar com os partidos da base e da oposição. A prioridade foi reforçar o discurso em favor do reajuste para R$ 545, evidenciar o impacto de um aumento maior nas contas públicas e reiterar a tese de que não serão aceitas divergências à proposta.

Além do ministros Luiz Sérgio e Guido Mantega, o secretário da Fazenda, Nelson Barbosa, também foi recrutado para o esforço de convencimento. Participaram, por exemplo, de reuniões das bancadas de partidos como DEM e PSB.

Mais tarde, entretanto, o DEM manteve o discurso em favor da proposta de R$ 560. "Esta Casa saberá reconhecer que o caminho é olhar para a voz das ruas", disse o líder ACM Neto (DEM-BA), em discurso no plenário. O também oposicionista PSDB seguiu a mesma linha: "O governo está fazendo o sacrifício não na parte que lhe cabe, mas sacrificando o trabalhador e o impedindo de ter o aumento real de uma série histórica de 16 anos, que vem desde 1995, e esse governo da presidente Dilma vai interromper", acusou o líder tucano, deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP).

No PSB, nomes como o deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP) dirigiram-se à reunião munidos de estudos indicando fontes alternativas de receita, que em tese ajudariam a bancar o salário mínimo de R$ 560.

As dissidências tomam forma até mesmo no partido da presidente Dilma. Ontem, o deputado Eudes Xavier (PT-CE) declarou publicamente que pretende votar contra a proposta do governo, conforme relatou a coluna Poder Online. O PT, entretanto, fechou questão em torno da proposta do governo, o que põe em risco os deputados que votarem por um mínimo maior que R$ 545. Foi o único partido que fechou questão. Outros partidos da base prometeram apoio ao governo, mas não sinalizaram que vão impor o voto favorável ao R$ 545 aos parlamentares.

As centrais sindicais ajudaram a aumentar a temperatura com protestos organizados na Câmara nesta terça-feira. (Leia mais aqui) Enquanto isso, o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, procurava minimizar as divergências, alegando que a atual política de valorização do mínimo, firmada entre as centrais e o governo anterior, elevará por si só o valor para R$ 613 dentro "de alguns meses".

Às vésperas da votação do mínimo, que será na tarde desta quarta-feira (16), o governo parece controlar a situação, mas não esconde que há risco de derrota.

Da redação,
com agências