Dilma: presidência e Divórcio!
Dilma como chefe de Governo e de Estado não pode se amiudar mediante as pressões e disputas pelo rumo político do "seu" governo, afinal chegou a esta condição não somente por méritos próprios ou pelo massivo prestígio do ex-presidente Lula. É o que afirma o vice-presidente estadual do PCdoB no Rio Grande do Norte, Canindé de França, em artigo publicado em seu blog neste domingo, 20 de fevereiro.
Publicado 22/02/2011 15:51 | Editado 04/03/2020 17:07
É verdade, mesmo sendo uma das construtoras e a principal herdeira dos resultados positivos do governo Lula, em que lhe favoreceu na condição de candidata de um partido e amplamente apoiada por um bloco de forças políticas e sociais, o que motivou a vitória eleitoral no 1º e 2º turno do processo eleitoral de 2010. A presidente tem enormes desafios, dentre os quais o de manter o Brasil posicionado de forma altaneira e soberana no cenário da diplomacia internacional e da manutenção de prioridade nas relações econômicas e comerciais com os chamados países emergentes, em detrimento do saudosismo do frenesi neoliberal de favorecimento aos Estados Unidos e Europa.
Dilma como chefe de Governo e de Estado não pode se amiudar mediante as pressões e disputas pelo rumo político do "seu" governo, afinal chegou a esta condição não somente por méritos próprios ou pelo massivo prestígio do ex-presidente Lula. Na base histórica de sua vitória eleitoral, se encontra um acúmulo da luta política e de resistência pela construção de uma Pátria Livre, Soberana e Próspera cultural e materialmente, tendo inclusive, sua excelência como uma das inúmeras sobreviventes do ideário deste modelo que advogamos ser o mais justo e acertado na atual quadra em que nos situamos na América e no cenário mundial.
Casamento e divórcio
O instituto do divórcio é coisa do final dos anos 70 do século passado, e se constituiu numa grande conquista para a sociedade brasileira, em especial para as mulheres. No entanto, os passos do governo Dilma não podem ser, no sentido de equiparação desta conquista civilista, um retrocesso em termos de acumulação de forças e de firmar uma perspectiva de verdadeiras mudanças e transformações para o Brasil. Não pode ser Dilma, entenda-se esta representação política de muitos segmentos(Partidos, Movimentos, Pessoas e Sentimentos) que vai brecar ou atrasar esta possibilidade de vitória, vitória de projeto, de projeto elevado em termos econômicos(produção, geração de emprego, de renda e de fortalecimento de nossa capacidade industrial e de inventos técnicos cientificos) e sociais(ampla e massiva apropriação das riquezas materiais advindas da natureza-meio ambiente-proteção e preservação- e do trabalho humano).
No aspecto relacionado à economia e à inclusão social, não devemos compreender, ou mesmo aceitar que tais resultados sejam apenas na órbita da individualidade imediata, sem que a mesma não esteja diretamente vinculada ao desenvolvimento e crescimento econômico sustentável, e que reflita o empoderamento dos elementos edificadores de um Estado forte e de uma Nação que não dependa no seu imediato de uma (sobre)vida baseada em ações e modelos que variam apenas de posição de governos que chegam ao poder da República, como consequência dos processos eleitorais "democráticos" em vigência.
Neste sentido, a implementação de Políticas Públicas é fundamental, não só como direitos, mas como expressão do sentimento de compromisso e diretrizes esboçado pelo Estado brasileiro, com primazia da União, ente federado mais importante e concentrador do recolhimento de tributos fiscais.
O combate a miséria, a sua erradicação, é temática central dos discursos da presidente Dilma, remanescem da campanha eleitoral, o que é muito importante, pois revela a fidelidade do programa defendido em campanha e dos gestos esboçados nos primeiros dias de governo. Diga-se é um sinal muito positivo.
Ditadura e Liberdade
Na condição de sobrevivente do arbítrio, ex-presa política e ex-torturada do regime de excessão materializado nos horrores da Ditadura Militar(1964/1985) e defensora de uma Nova Polítca para o Brasil, a nossa comandante não pode cair no erro infantil de acreditar que pode fazer "Mudanças" sem fazer opções de modelos e projetos, notadamente na área da política econômica, onde se concentra os maiores e mais pesados interesses de nossa elite. A guerrilheira não pode se compadecer, ou vergar-se ao poderio do capital, óbvio que não se trata de uma ruptura imediata, sem propósito, ou mesmo sem correlação de forças
políticas e sociais para consecução de tamanha empreitada, mas é preciso sinalizar, estabelecer balizas e definir prioridades no rumo que se propõe a seguir à frente de insígne Nação.
Manutenção da "Ordem" ou Mudança, permanente desafio
Até agora, mesmo sendo do ponto de vista temporal muito exíguo o tempo como Chefe da Nação, a presidente não se sente em liberdade ou condições de abrir caminhos para alterar a realidade que aprisona o Brasil e torna o Povo Brasileiro réfem dos interesses dos descendentes de Pedro Álvares Cabral. A opção, parece consciente de Dona Dilma e de seu ciclo político mais íntimo,é de beneficiar e proteger o interesse do Capital financeiro. Numa coisa ela pode está certa, se for para manter o Brasil sob os auspícios da caridade em detrimento da solidariedade, digo sem maiores delongas, Dilma está no caminho certo, e pelo seu séquito vai se embrenhar cada vez mais nele. Lamentável., ou melhor, condenável.
O casamento da "ciência" com a "experiência" de vida(aqui não se trata da união civil de pessoas do mesmo sexo, os termos são apenas coincidentes-feminino) demonstra que na Política tudo, ou quase tudo é possível, quem duvida, eu não arrisco, espero que você também não, ou seja, como se trata de um Programa Poítico e de uma Plataforma de Governo é possível seguir em frente, mas também é possível retroceder, e Dilma com a maioria de seu governo também pode ser acometida do retrocesso, mesmo não se tratando de um acontecimento súbito, pois em política não é muito comum o acontecer de repente, de uma ora para outra, tudo é processo, e como tal obedece as regras do movimento e do consequente desenvolvimento, o que não ocorre também sem os atritos, aqui leia-se disputa política de rumos, disputa de poder, ocupação de espaços, que em última análise configuram e podem alterar qualitativa e quantitativamente o conteúdo e a forma do exercício do poder político da ação de governo.
Um divórcio de Dilma com a esperança do Povo Brasileiro, não tenho dúvida em dizer que seria mais doloroso e traumático do que foi para a Igreja Católica ver uma das maiores Nações católicas do mundo consagrar em seu estamento jurídico um instituto capaz de separar aquilo que Deus uniu através de matrimônio- "casamento", instituindo a divindade da indissolubilidade.
O que hoje é moderno, amanhã pode ser obsoleto, do contrário também é verdadeiro
Pois bem, em que pese sermos construtores, aliados e defensores do êxito de Dilma e do Governo, não devemos nesta matéria exercitar o prelado da fé, pois a disputa pode colocar Dilma em campos opostos aos dos interesses mais elevados do Povo Brasileiro, isso em termos políticos chama-se cooptação, que pode inclusive se manisfestar de diversas formas e meios, o tempo nesta cirscuntâncias é muito importante, não deve ser menosprezado. Neste caso aqui, se aplica bem a máxima: a pressa é inimiga da perfeição. Entenda-se perfeição como os compromissos históricos, políticos e sociais que fizeram se juntar a Dilma milhões de Homesm e Mulheres, de organizações sociais, políticas e de outros credos, necessariamente não religiosos. Na dúvida, ou na contrariedade, busque pesquisar a trajetória do eminente Fernando Henrique Cardoso, "carinhosamente" chamado de FHC, mas uma coisa é verdade, deve-se considerar o tempo, as condições e a realidade em que os fatos acontecem, ou deixam de acontecer.
Desenvolvo meu raciocínio e esboço opiniões de quem acredita na possibilidade de mudanças, e que quer encontrar outros caminhos para o Brasil e seu Povo, diferente do conformismo e de que tá muito bem assim, pior era antes, tais atitudes não me servem, e nem tampouco deve justificar os que se afastam dos compromissos assumidos sem as razões devidamente apresentadas.
Pressão e poder de cooptação de nossa elites
Sem dúvida, a política macroeconômica de Dilma à frente do Governo, não serve ao Povo e nem muito menos ao interesses do desenvolvimento do Brasil. É uma manifestação de cumplicidade e sob certo aspecto de submissão ao poderio de quem a aprisionou e privou de crescimento, desenvolvimento e liberdade a nossa Pátria.
Vivemos momentos delicados, a disputa em curso é de grande monta, não existe amadores nesta contenda, os contendores já compreenderam que o principal é o rumo, e como tal é por ele que deve-se buscar a todo custo, inclusive o de se afastar de alguns e de se aproximar de outros, mesmo que sejam os algozes de ontem.
Que nos lançemos em permanente luta no sentido de vencer o assédio e as pressões que se comprimem contra nosso projeto e nossa Presidente Dilma. Nesta luta tem papel central os Partidos comprometidos com as "Mudanças e Transformações", o movimento social e sindical, lideranças e personalidades democráticas e patrióticas, jovens, mulheres, a intelectualidade progressista, enfim, todos que acreditam nesta construção e possibilidade de fazer o Brasil avançar ainda e cada vez mais.
Torço e luto, lutemos todos para que a nossa relação se fortaleça e o divórcio não seja o caminho de Dilma com o Povo Brasileiro que luta em defesa de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil.
Que as elites não separem aquilo que o Povo brasileiro uniu.
Na luta!
e Vice-presidente estadual do PCdoB/RN