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Kadafi discursa em Trípoli e promete armar o povo

Muamar Kadafi, líder da Líbia, fez um discurso nesta sexta-feira (25) na Praça Verde, em Trípoli, diante de centenas de milhares de pessoas que o apoiam. "Podemos derrotar qualquer agressão se necessário e armar o povo", afirmou, em um vídeo que foi exibido pela emissora estatal de TV líbia.

Manifestantes leais a Kadafi na Praça Verde de Trípoli

"Estou no meio do povo… nós lutaremos… nós os derrotaremos se assim quiserem… nós derrotaremos qualquer agressão estrangeira".

"Dancem… cantem e estejam prontos… esse é o espírito… isso é muito melhor que as mentiras da propaganda", afirmou aos jovens presentes, conclamando-os a permanecerem na praça.

O discurso, que também fez referências à guerra da independência contra a Itália, aparentemente tinha como objetivo aumentar seu apoio popular, com referências específicas à juventude do país. Sua presença na praça Verde foi televisionada pela emissora estatal.

Sanções europeias

Após anos de relações comerciais e políticas amistosas, elogios e troca de favores com a Líbia, a União Europeia recolocou hoje sobre a mesa sua carta de intenções imperialistas, materializada em um programa de sanções à Líbia.

Além da proibição de venda de armamentos, o imperialismo europeu promete congelar bens e cancelar vistos de membros do regime de Kadafi. O acordo poderá ser formalizado na segunda-feira, durante uma reunião de ministros europeus de Energia.

Uma das maiores ameaças vem do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan), que, em conjunto com o pacote de bloqueio da União Europeia, estuda enviar navios e aviões para águas próximas à costa da Líbia.

Pouco antes do início de uma reunião do pacto em sua sede em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que os ministros de Defesa pretendem criar uma zona "exclusiva", ocupada por aeronaves e vasos de guerra da Otan, diante da costa marítima líbia.

"Se trata de um espaço aéreo e marítimo controlado exclusivamente pelos aliados, que teriam luz verde para levar a cabo ações de intervenção rápida, no momento que considerassem necessárias", explicou Rasmussen, sem oferecer outros detalhes.

Manifestantes atacados

Na manhã desta sexta, correspondentes da reda catariana de televisão al-Jazira relataram que a cidade de Zuwarah foi – de acordo com testemunhas – abandonada pelas forças de segurança do regime e completamente submetida aos manifestantes antiKadafi.

Comandos nas estradas orientais que vão até a fronteira com a Tunísia, entretanto, ainda eram controlados por soldados leais a Kadafi.

No ocidente, comandos similares eram realizados por forças antiKadafi, que montaram um "corredor humanitário" nas estradas que seguem até o Egito, segundo relatos dos jornalistas da emissora catariana.

Testemunhas afirmam que as forças leais a Kadafi estão explodindo arsenais, para evitar que as forças antigovernamentais possam utilizar as armas.

Também foram vistos alguns enfrentamentos na cidade de Misurata, situada a 200 quilômetros para o leste de Trípoli, onde testemunhas disseram que uma brigada do governo atacou o aeroporto local com morteiros e lança-granadas.

Tal ataque teria sido rechaçado pelas forças antigovernamentais, que fizeram os governistas recuarem. Segundo essas testemunhas, os rebeldes utilizaram artilharia antiaérea e metralhadoras de grosso calibre na contenda.

Outras testemunhas afirmaram que, apesar disso, as forças antiKadafi estariam "isoladas", estando cercadas na região central de Misurata pelas forças leais ao governo.

Governo perde terminais de petróleo

Manifestantes e militares da força aérea que desertaram também atacaram uma base militar onde soldados pró-governamentais estavam abrigados. Os manifestantes destruiram caças da força aérea, para que não pudessem ser utilizados pelas forças leais ao governo.

De acordo com a agência Reuters, soldados desertores auxiliaram os manifestantes a tomar o terminal de petróleo da cidade de Berga.

A refinaria de petróleo em Ras Lanuf também foi paralisada e a maioria do seu pessoal deixou as instalações, de acordo com fontes pertencentes à empresa.

Relatos das agências ocidentais asseguram que em alguns bairros de Trípoli, como Fashloum, Ashour, Jumhouria e Souq Al-Gomaa, foram registrados tiroteios, após manifestantes contrários ao governo terem saído às ruas depois das orações do meio-dia.

Com agências