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Oscar 2011 foge do risco e opta pela convenção

A presença de Steven Spielberg como apresentador do Oscar 2011 de melhor filme foi simbólica. Ali estava o diretor de “O Resgate do Soldado Ryan”, que em 1999 perdeu a estatueta para “Shakespeare Apaixonado” – um filme inferior, inglês e marqueteado pela Miramax. Doze anos depois, “A Rede Social” perde para “O Discurso do Rei” – um filme inferior, inglês e marquetado pelos irmãos Weinstein (ex-Miramax)…

Por Ricardo Calil, em Último Segundo

No discurso de apresentação, Spielberg parece ter se dado conta de que uma injustiça estaria prestes a ser cometida – ao lembrar que o perdedor deste ano se juntaria a uma lista com outros “perdedores” célebres como “Cidadão Kane” e “Touro Indomável” (que foram batidos respectivamente por “Como Era Verde Meu Vale” e “Gente como a Gente”, dois filmes menores).

O Oscar 2011 vai entrar para a história como um desses anos em que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood esnobou a obra mais urgente e relevante (“A Rede Social”) e preferiu uma produção mais segura e menos arriscada (“O Discurso do Rei”). Um filme teatral, sustentado por dois atores, baseado na fascinação dos britânicos por seus monarcas (e premiado pela fascinação dos americanos pelos britânicos).

A cerimônia deste ano também entra para a história como uma das mais previsíveis e mornas do Oscar. Não houve um único prêmio surpreendente. Não houve um único momento de grande emoção. Os apresentadores foram medíocres (Anne Hathway deslumbrada demais, James Franco quase ausente). Boas ideias de anos anteriores – como os cinco apresentadores para os cinco candidatos a melhor ator e atriz – foram descartadas. Péssimas ideias do passado – como os números musicais – foram resgatadas. Celine Dion cantando “Smile” foi outro símbolo da noite. Um Oscar de sorrisos amarelos.