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Venezuela homenageia vítimas do massacre de El Caracazo

Os restos mortais de 71 venezuelanos assassinados durante a rebelião popular conhecida como "El Caracazo", que ocorreu em 27 de fevereiro de 1989, foram sepultados no cemitério de Caracas, onde autoridades oficiais prestaram homenagem às vítimas. “O governo venezuelano, guiado pelo presidente Hugo Chávez, encarrega-se de reivindicar a história”, afirmou Darío Vivas, deputado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela.

"El Caracazo" aconteceu nos municípios de Caracas e Guarenas, no estado de Miranda, durante o segundo mandato do ex-presidente Carlos Andes Pérez. A população se revoltou contra o pacote de medidas econômicas neoliberais arquitetadas pelo governo Pérez e solicitadas pelo FMI, que levou ao aumento dos preços dos alimentos e combustíveis. A repressão militar e policial contra os protestos deixou centenas de mortos.

De acordo com Darío Vivas, o governo fez com que “a rebelião popular contra as medidas neoliberais aplicadas pelo governo de Carlos Andrés Pérez fossem noticiadas como simples ações de vandalismo e saques por parte do povo”.

“No entanto, estamos vivendo uma época diferente, e o governo está saldando uma dívida com o povo deixada por governos anteriores. Na Venezuela o povo tem uma participação direta e protagonista na transformação da realidade deixada por muitas décadas de capitalismo”, afirmou em entrevista à Venezuelana de Televisão.

Vivas destacou que as autoridades do país impulsionam uma investigação profunda para individualizar e identificar os cadáveres do massacre de El Caracazo. Também executa um processo para que os responsáveis pelos inúmeros crimes sejam penalizados.

A Procuradora Geral da República, Luisa Ortega Díaz, afirmou, durante o sepultamento das 71 vítimas, que "nunca se tinha feito uma justa homenagem a essas pessoas". Ela destacou que "a critério do Ministério Público, durante esses dias se produziram graves violações aos direitos humanos".

A procuradora garantiu que "fatos como esse não vão voltar a acontecer na Venezuela porque o governo e suas instituições têm um compromisso com os venezuelanos e respeitam a vida".
Luisa Díaz também afirmou que no setor "La Peste" do cemitério ainda restam cerca de 300 cadáveres em fossa comum por falta de identificação.

Durante o ato, foi exposta uma placa com os nomes das vítimas e erguido um monumento em homenagem aos mortos dessa revolta. Além disso, foi inaugurada uma mostra fotográfica do repórter Francisco Sólórzano, que registrou com sua câmera os acontecimentos de "El Caracazo".

O vice-presidente da Venezuela, Elias Jaua, e o presidente da Assembleia Nacional, Fernando Soto Rojas, estiveram presentes na cerimônia que marcou o início da comemoração dos 22 anos desse conflito.

Com Ansa e Prensa Latina