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Disputa petista antecipa discussão sobre sucessão municipal

As desavenças entre os grupos do prefeito João da Costa e do deputado federal João Paulo ultrapassaram as fronteiras de Pernambuco. O desgaste provocado à legenda pelos dois ex-aliados é uma das principais pautas do grupo de trabalho que a direção nacional do PT pretende instalar logo após o carnaval.

A formação do grupo será definida no dia 17, em Brasília, reunião marcada pela executiva nacional do partido. A conclusão da cúpula petista é que o comportamento dos dois petistas pernambucanos está diminuindo as chances de o partido manter a administração de uma da principais capitais do país. ´As (cidades) mais problemáticas são prioridade`, disse, ontem, o senador Humberto Costa (PT) que pretende se candidatar a um assento no grupo de trabalho.

Além do Recife, os petistas enfrentam problemas internos também em Belo Horizonte (MG), onde se digladiam as tendências ligadas, por um lado, ao ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e, no outro extremo, ao atual ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel. Na capital mineira, o problema se arrasta há mais de três anos, prejudicou a candidatura de ambos em 2008 e, segundo um parlamentar do estado ´só ajudou a aumentar o poderio do ex-governador – e agora senador -, Aécio Neves (PSDB)`.

Na prática, os petistas anteciparam as discussões em torno da sucessão municipal para não perder terreno tanto para os partidos tradicionalmente de oposição – PSDB, DEM e PPS -, como também de siglas aliadas, como o PSB do governador Eduardo Campos e o PMDB, do vice-presidente da República Michel Temer. Preocupou a direção nacional petista, por exemplo, a disposição do governador pernambucano de disputar o ´passe` do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM, e a chegada, sem cerimônias, de Márcio França, do PSB, ao governo do estado de São Paulo do tucano Geraldo Alckmin.

Assessores do secretário nacional de organização do PT, o ex-deputado Paulo Frateschi, enfatizam que há um fator complicador no horizonte petista com relação à 2012. ´Desta vez as coisas estão diferentes. Não temos mais o Lula como candidato ou presidente. A tendência é de alguns companheiros acreditarem que podem mais do que antes e a eleição de 2012 vai definir a disputa em 2014`, disse um assessor da cúpula petista.

Sul rebelde

Porto Alegre e Rio de Janeiro são dois outros exemplos, além do Recife e Belo Horizonte citados pelos petistas para justificar a necessidade da antecipação das conversas em torno da sucessão municipal. Na capital gaúcha, o governador Tarso Genro (PT) já fala em apoiar a candidatura da deputada Manuela d'Ávila (PCdoB), ao invés de uma candidatura petista. Esse apoio tem apoio incondicional de gabinetes muito próximos dos da presidente Dilma Rousseff.

No Rio de Janeiro, o PT local não consegue se articular para ´derrubar` a hegemonia conseguida pelo governador Sérgio Cabral e um candidato do PMDB, situação conseguida durante os anos de Lula no Palácio do Planalto.

Fonte: Diário e Pernambuco