Jaime Sautchuk: “Oito Horas” e “Seu Chico, por favor”
O jornalista, escritor e colunista do Vermelho, Jaime Sautchuk, participa da edição desta semana do Prosa, Poesia e Arte com duas novas poesias. Em forma de versos, Sautchuk relata a dura a luta dos trabalhadores por seus direitos, em especial a jornada de trabalho, e fala da beleza e da imensidão das águas do Rio São Francisco, o Velho Chico.
Publicado 04/03/2011 12:03
Oito Horas
Por Jaime Sautchuk
É no trabalho
Desde menino
Por castigo divino
Que habituamos viver
Nas festas ou baralho
Os grupos das cortes
No tanger dos chicotes
Nos deixavam crescer
Veio o capitalismo
Escravo virou profissão
E de armas na mão
A briga por oito horas
Ora bolas!
Não adiantou nada
Pois quatro horas gastamos
Nos meios de condução
Velho Chico
Por Jaime Sautchuk
Seu Chico, por favor
Posso navegar com o senhor?
Fazer de um vapor o meu ninho
Curvar suas curvas, mesmo que em sonho
E passar pela eclusa de Sobradinho
Posso sonhar com o senhor?
Tam-tam, tam-tam, tam-tam, tam-tam
Ouvir os batacotôs da velha clã

Dar braçadas e mais braçadas
De vivências desgraçadas
Posso esperar com o senhor?
Olhando de margem pra outra
Sem ver trânsito nenhum
O contrário da Via Dutra
Posso ficar com o senhor?
A caatinga minguando, escorrendo
As praias sumindo, o rio mudando
Mas coragem ainda estamos tendo
Posso brigar pelo senhor?