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Mulheres de Pernambuco lançam manifesto por autonomia e liberdade

Como parte das mobilizações do Dia Internacional da Mulher, o Fórum de Mulheres de Pernambuco, composto por mais de 60 organizações feministas, lançou um manifesto por autonomia e liberdade para todas as mulheres. O texto aponta a atualidade e necessidade do movimento feminista e mostra que há muito contra o que se rebelar em favor das mulheres.

O manifesto trata das principais reivindicações femininas e denuncia formas históricas e cotidianas de opressão às mulheres, como o racismo, os preconceitos religiosos e a exploração dos corpos femininos pelas indústrias do sexo e da beleza, e pela publicidade.

De acordo com Sílvia Camurça, membro da coordenação do Fórum de Mulheres de Pernambuco e educadora do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, as principais lutas femininas, atualmente, são as relacionadas ao trabalho informal, já que as mulheres são a maior população em situação de informalidade e com pior remuneração, além da violência – a lei Maria da Penha não é cumprida como deve e recebe muitas ofensivas – e criminalização das mulheres, especialmente no tocante às questões reprodutivas.

Outras reivindicações se referem a políticas públicas voltadas para a autonomia econômica das mulheres e para a divisão dos trabalhos de cuidado com crianças e idosos ou pessoas doentes, reduzindo a dupla jornada de trabalho. A construção de mais creches e moradias, bem como mais proteção social e previdenciária também fazem parte da pauta.

Ideologia capitalista patriarcal

Um dos grandes desafios para a luta, segundo Sílvia, é o mito de que a igualdade já foi conquistada e o movimento feminista não seria mais necessário. "Nós precisamos vencer esse mito, pois faz parte da ideologia capitalista patriarcal passar essa ideia de que está tudo bem. Nós precisamos ser capazes de demonstrar o quanto de desigualdade ainda existe”, afirmou.

Ela defende a organização das mulheres como o melhor caminhos para a luta. "A auto-organização das mulheres é o único caminho, é o que há de mais radical que a gente pode fazer”, declara.

E aponta as dificuldades para os movimentos de mulheres. "A militância jovem renova o movimento, porque não tem ainda filhos, não tem parentes idosos para cuidar, mas com o avançar da idade a gente sente a falta de tempo para se dedicar”, disse.

O manifesto lembra que a maioria das mulheres não consegue se inserir na política devido à dupla jornada de trabalho. "O fato é que a maior parte de nós, mulheres, vive condições extenuantes de trabalho. Além do tempo, falta também dinheiro para financiar nossa participação política”, denuncia o texto.

Outras mobilizações

Em João Pessoa (PB), além do ato Violência contra Mulher: Tolerância Nenhuma, no dia 8 de março, na Praça Três Poderes, haverá, nos dias 11 e 12 de março, um seminário para 70 mulheres promovido pelo Coletivo de Mulheres 8 de Março. Na Paraíba, além da luta em defesa da Lei Maria da Penha, reivindica-se a implementação da Vara de Juizado de Violência contra a Mulher e a Família.

Em Porto Alegre (RS), a data será marcada pelo Ciclo de Debates "As Mulheres Podem”, com mesas temáticas sobre saúde, direitos sexuais e reprodutivos. O evento acontecerá nos dias 15, 17, 21, 22 e 23 de março, às 17 horas, no auditório do Sindicato dos Bancários. No dia 24, às 10 horas, haverá a apresentação da pesquisa "As mulheres no mundo público e privado”, da Fundação Perseu Abramo, na Assembleia Legislativa.

Fonte: Adital