Aurélio Peres debate a atuação parlamentar e movimentos sociais

Eleito em 1978, quatro anos depois de ser preso e torturado. Aurélio foi importante liderança do Movimento do Custo de Vida, que mais tarde evolui para o Movimento da Carestia.

A luta era para melhorar as condições de vida do povo brasileiro, promover o acesso a itens básicos e congelar os preços dos alimentos em uma época que a inflação chegava perto de 40%. Com a participação de donas de casa que se organizavam em torno dos Clubes de Mães, uma associação que naquele tempo ajudava as mulheres nas tarefas cotidianas do lar, o movimento logo ganhou apoio de estudantes, intelectuais, trabalhadores e partidos.

A ação tinha como ferramenta central um manifesto e abaixo – assinado, que chegou ter mais de 1,3 milhão de assinaturas. Sua prisão foi declarada logo após a leitura do movimento na Assembléia do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

Com apoio de Dom Paulo Evaristo Arns, Peres saiu da prisão e logo depois se candidatou a uma vaga no legislativo federal pelo Movimento Democrático Brasileiro, em plena ditadura quando o Partido Comunista do Brasil ainda estava na ilegalidade.

Atuação Parlamentar

“O que tem que ser tem muita força”, como escreveu Guimarães Rosa. Sem pretensão de se eleger, o operário que não tinha nenhuma experiência parlamentar, fez de seu mandato instrumento dos movimentos sociais na Câmara Federal. Dava total apoio aos sindicatos, entidades estudantis e, principalmente, à luta para libertação dos presos políticos.

Ao receber homenagem da atual bancada do PCdoB no Congresso Nacional, Aurélio emocionado declarou que foi um tempo difícil por não ter experiência institucional. “Foi muito dolorido, o que eu sabia de bancada era a bancada de fazer ferramenta. Eu era um operário, mas fui até o fim porque amei e sempre amarei esse partido”, disse o ex- deputado federal.

Para o vereador Jamil Murad, Aurélio é uma referência para os comunistas por ter dado grande exemplo de atuação parlamentar ligada aos movimentos sociais. "Peres foi um desbravador desse caminho em que atuamos hoje, onde uma trincheira só não nos basta. Temos que encontrar os liames da luta institucional, social e de idéias, pois o nosso rumo é a revolução, é o socialismo”, declarou o vereador proponente da atividade.

A atividade será realizada pelo mandato do vereador Jamil Murad e amigos do ex- deputado, como Maria Saraiva e Antônio Pedro, secretário de movimentos sócias do Comitê Paulistano.

De São Paulo, Ana Flávia Marx