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Líbia: Avião militar cai e Estados Unidos anunciam sucesso

Um caça F-15E Eagle da Força Aérea dos Estados Unidos, que participava da ofensiva na Líbia, caiu na madrugada desta terça-feira (22). O comando norte-americano disse que a queda não está relacionada a um ataque. Segundo alegam os militares, o acidente foi consequência de uma pane mecânica. Os dois tripulantes da aeronave ejetaram antes do aparelho colidir no solo. Até o momento apenas um dos tripulantes foi resgatado.

O céu da capital da Líbia, Trípoli, foi iluminado nesta terça-feira (22) por disparos de artilharia das forças da coalizão ocidental — liderada pelos EUA, França e Reino Unido — que tenta impor uma zona de exclusão aérea no país. A cidade foi alvo, pela terceira noite consecutiva, de ataques aéreos e com mísseis. Segundo o governo líbio, os ataques deixaram vários civis mortos.

Um porta-voz do governo líbio disse que as forças estrangeiras mataram muitos civis atacando os portos e o aeroporto de Sirte. "Você viu aquele lugar [aeroporto de Sirte]", disse Mussa Ibrahim, em entrevista a jornalistas. "É um aeroporto civil. Ele foi bombardeado e muitas pessoas foram mortas. Portos também foram bombardeados".

A zona de exclusão aérea na Líbia foi estabelecida na semana passada por uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas os ataques têm sido duramente condenados pela comunidade internacional. Rússia, China, Brasil e África do Sul (que atualmente compõem o Conselho de Segurança) e diversos países da América Latina e de outras regiões do mundo emitiram notas em repúdio contra a intervenção militar.

"Em geral, isso me lembra de um convite para uma cruzada medieval", afirmou o primeiro-ministro da Rússia, Vladímir Pútin, depois de criticar no domingo os aliados pelo "uso indiscriminado da força".

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, em visita à Rússia, ouviu de Putin que a resolução é deficiente e falha. "Ela permite a todos a empreender todas as ações em relação a um governo soberano", disse o premiê russo.

Segundo argumenta o jornal chinês Diário do Povo, as ações ocidentais violaram a lei internacional e ocasionaram desastres imprevistos. "Deve-se observar que toda vez que são utilizados meios militares para resolver crises dá-se um golpe na Carta das Nações Unidas e nas normas das relações internacionais", diz..

Contradições

A coalizão agressora continua se debatendo em grandes contradições sobre como levar adiante seus planos na Líbia. De modo discrepante, os Estados Unidos anunciaram que sua missão tinha sido um "sucesso", apesar do presidente Obama ter afirmado na segunda-feira, no Chile, que o objetivo é, mesmo, a derrubada de Kadafi.

Segundo declarou o secretário de Defesa americano, Robert Gates, os EUA vão reduzir sua participação nos próximos dias, passando atribuições aos outros países envolvidos, como França, Reino Unido, Espanha e Itália. Os EUA continuariam apenas com ataques de menor escala, desistindo aparentemente de levar o ônus financeiro e militar da agressão praticamente sozinhos.

Por outro lado, foram divulgadas nesta terça informações de que estão sendo executados intensos treinamentos com paraquedistas na base aerea de Aviano, na Itália, onde aviões das forças de coalizão estão concentrados. Isso dá a entender que existe uma possibilidade concreta de invasão da Líbia por forças militares, apesar de os ataques terem sido iniciados sob o pretexto de impor apenas uma zona de exclusão aérea e ‘garantir a segurança’ dos opositores do presidente Muamar Kadafi

Combates

O exército líbio atacou duas cidades nesta terça. Nos mais recentes combates foram usados tanques para disparar contra o reduto rebelde de Misrata, no oeste líbio, e as baixas incluem quatro crianças mortas quando o carro em que viajavam foi atingido, segundo alegaram moradores à agência Reuters. O saldo de mortos na segunda-feira (21) chegou a 40, disseram.

Os confrontos entre o exército líbio e a oposição também continuaram na madrugada desta terça, apesar do anúncio de cessar-fogo pelo governo. No Leste da Líbia, o Exército conseguiu conter um avanço da oposição sobre a cidade de Ajdabiya. Em Misrata, a terceira maior cidade do país, opositores foram alvos de ataques das forças pró-governo.

A emissora de TV catariana Al-Jazira informou que as instalações de radar de duas bases de defesa aérea no oeste da Líbia foram atingidas pelas forças de coalizão.

Com agências