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“Cérebro” da CUT aceita cargo na Secretaria Geral da Presidência

O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, convidou o vice-presidente e principal “cérebro” da CUT, José Lopez Feijóo, para trabalhar em sua assessoria pessoal no Palácio do Planalto. O convite ocorre no momento de maior tensão no relacionamento da CUT com a Força Sindical, sua principal oponente no meio trabalhista.

Segundo fontes ouvidas pelo Valor Econômico na Secretaria-Geral da Presidência, o sindicalista já aceitou o convite e apenas aguarda a desincompatibilização de suas funções na central para assumir o cargo no Planalto. A CUT também espera pela publicação da nomeação no Diário Oficial, antes de se pronunciar. Os amigos de Feijóo, em São Paulo, já estão organizando um jantar em homenagem ao sindicalista para esta sexta-feira (1/4).

Feijóo já dirigiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e a seção estadual da CUT de São Paulo. É do grupo mais próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu amigo. Em mais de uma ocasião, Lula se referiu a Feijóo como o sindicalista "mais preparado" do país, "extremamente inteligente", um "intelectual" bem informado. Há pelo menos seis anos, ele é uma espécie de “eminência parda” na direção nacional cutista.

Durante o governo Lula, a CUT tinha "canal direto com o ouvido do presidente", segundo definição de interlocutores da central. Durante o primeiro mandato do ex-presidente, passaram pelo Ministério do Trabalho o deputado Ricardo Berzoini, o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ex-presidente da CUT e atual prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho. Todos são do PT, com passagens pelo movimento sindical na direção da CUT.

Agora, a CUT achava-se um tanto quanto equiparada com a Força, para dizer o menos. No governo Dilma, as duas centrais julgam ter motivos para reclamações — mas a CUT, especialmente, queixa-se de ter sido inteiramente alijada do Ministério do Trabalho. Desde 2007, a pasta está nas mãos do PDT do ministro Carlos Lupi e do deputado Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical.

Atualmente, o presidente da CUT, Artur Henrique, já não esconde que a central se encontra em avançado processo de ruptura com a Força, sua principal oponente no movimento sindical. Ele julga que já se esgotou a agenda que levou à parceria entre as duas centrais, no governo Lula — que, entre outras coisas, levou ao estabelecimento de um critério para o reajuste do salário mínimo (variação do PIB mais inflação) e a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) nos quatro últimos anos.

Entre as atuais diferenças destacadas pela central está o fim do Imposto Sindical, cuja manutenção é defendida pela Força. Na realidade, o imposto pode ser derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e, nesse caso, as centrais buscarão entendimento em torno de uma nova contribuição. A CUT defende a "contribuição negocial". A maior oposição ao acordo, por enquanto, é da parte patronal, cujas confederações também recebem parcela do imposto.

Na disputa com a Força, a CUT não admite ficar atrás. No governo Lula, sempre que se sentia de alguma forma "vítima" de alguma ação da Força, no Ministério do Trabalho, ou de Paulinho, no Congresso, acionava o "canal direto" com Lula. Feijóo é a volta da CUT ao coração do Palácio do Planalto.

Da Redação, com informações do Valor Econômico