Alberto Saraiva fala sobre a Ouvidoria Geral de Osasco

Em entrevista concedida ao Diário da Região, o recém nomeado Ouvidor Geral de Osasco, comunista — membro da comissão política estadual do PCdoB de São Paulo — Alberto Saraiva, fala sobre a Ouvidoria Geral, a tática do partido em 2012, a Reforma Política e muito mais. Confira abaixo:

Entrevista – Alberto Saraiva (Ouvidor Geral de Osasco – PCdoB) 

Ele já foi diretor de administração dos Centros Esportivos de Guarulhos, secretário municipal de Esportes da prefeitura de Guarulhos e secretário de Esportes da prefeitura de Várzea Paulista. Este ano, Alberto Saraiva chega para compor o governo do prefeito Emidio de Souza (PT) e é o Ouvidor Geral de Osasco. Nesta entrevista ao Diário da Região, Saraiva fala sobre suas propostas para o órgão público e ainda aborda questões da política nacional e a possibilidade de se fazer política socialista.

Diário da Região – Desde quando o senhor assumiu a Ouvidoria de Osasco, já houve alguma mudança na operação?
Alberto Saraiva: A Ouvidoria da prefeitura de Osasco existe há algum tempo e tem uma dinâmica própria. O que estou buscando é adaptar métodos e conceitos naquilo que eu considero importante para uma Ouvidoria pública funcionar. A equipe que estava trabalhando continua, nós estamos também a estamos completando e formatando o melhor meio de conduzir o trabalho.

Diário da Região – Que tipo de adaptação o senhor pretende fazer no órgão?
AS: Primeiro, a Ouvidoria precisa definir melhor o seu conceito. Ela a rigor não resolve problemas, ela é um instrumento meio, não um instrumento fim de gestão. É pela Ouvidoria que os cidadãos podem registrar que existe um problema, mas ela também é um órgão para fazer sugestões, solicitações e elogios. O governo do prefeito Emidio de Souza (PT) tem adotado mecanismos para fazer com que a divulgação e informação sobre os serviços da prefeitura estejam centralizado em instrumentos modernos de comunicação. Já existe um estudo do governo municipal para a implantação de um serviço chamado 156, o Fale Conosco. Ele já existe para secretaria da Saúde e também da Educação. A idéia do prefeito é que todos os serviços públicos estejam centralizados em um único canal de diálogo.

Diário da Região – Por mês, quantos atendimentos a Ouvidoria recebe aproximadamente?
AS: Como assumi há pouco tempo, já fiz uma reunião de equipe e estou preparando para apresentar ainda este mês o relatório de 2010 mas posso antecipar que, no ano passado, nós tivemos 3.511 atendimentos, considerando que nem todos foram reclamações. Deste total, cerca de 3% foram elogios ou sugestões e aproximadamente 10% foram serviços que não são prestados pela prefeitura, como a Sabesp, por exemplo.

Diário da Região – Como tem sido o relacionamento entre a Ouvidoria e as secretarias municipais?
AS: Muito positivo. Já tive a oportunidade de conversar com a maioria dos secretários e todos se colocaram à disposição do órgão. Na minha opinião e, também, na opinião dos secretários, o que precisa de fato é encontrar a melhor maneira de diminuir o prazo e tempo de resposta aos questionamentos levantados pelos cidadãos. Procuramos encontrar o melhor caminho para fazer isso. Já apresentei ao prefeito essa idéia de criar um Sistema de Ouvidoria Municipal, onde haja uma Ouvidoria centralizada e vinculada ao gabinete do prefeito, com representações em todas as secretarias para dar agilidade ao atendimento e não quebrar a sistemática de trabalho das secretarias.

Diário da Região – Para as eleições de 2012, já existe alguma expectativa do PCdoB compor novamente com o PT?

AS: Ainda é cedo para isso. Pela relação histórica, o que existe é o natural entendimento e diálogo. Mas em 2012 será uma nova realidade, não será mais o prefeito Emidio que estará na disputa, então haverá um novo plano de governo e uma nova proposta, portanto será um novo diálogo.

Diário da Região – Na possibilidade do PCdoB sair com chapa própria, o senhor tem o anseio de deixar a Ouvidoria para compor o Legislativo ou Executivo?
AS: Não, absolutamente não tenho pretensão nenhuma de disputar cargo eletivo. Sou candidato a ser um bom ouvidor público.

Diário da Região – O senhor acredita que depois que o Netinho de Paula se candidatou pelo PCdoB nas eleições de 2010, o partido alcançou maior credibilidade em âmbito nacional?
AS: Sim. Não apenas pelo Netinho de Paula. Na eleição do ano passado, o PCdoB elegeu dois deputados federais e dois deputados estaduais. Na eleição de 2010 o partido teve a 4ª maior votação para o senado brasileiro, atrás apenas do PT, PMDB e PSDB. Dessa forma, o PCdoB teve uma projeção política à altura da sua história.

Diário da Região O PCdoB é um partido socialista. O senhor acredita que é possível fazer uma política socialista em uma sociedade tecnicamente capitalista?
AS: Sim. Ao assumir posições em prefeituras, governos do Estado e mesmo na presidência da República, nós acreditamos que podemos melhorar a qualidade de vida e desenvolvimento intelectual do povo para, quem sabe, alcançar um futuro socialista. Não temos a ilusão de que por meio das eleições vamos construir o socialismo, mas é um caminho que possibilita a melhora das condições de vida do povo, e com isso possamos acumular forças para construir uma nova sociedade.

Diário da Região – Qual é a sua opinião sobre a Reforma Política?
AS: Nós estamos na expectativa que essa reforma aprofunde a democracia. Para isso, entendemos que é importante que se adote o financiamento público, o voto em lista e que se crie mecanismos para aumentar a democracia, diminuindo a interferência externa judiciária nos poderes Legislativo e Executivo. Consideramos que é uma das reformas mais importantes para a presidente Dilma Rousseff (PT) enfrentar no início de seu governo.

Diário da Região – Para o senhor, o voto deve ser facultativo ou obrigatório?
AS: Para o atual nível de desenvolvimento do Brasil considero que ainda é importante o voto ser obrigatório. As camadas mais excluídas da sociedade brasileira ainda não acumularam suficiência para resolverem e terem sua predominância na estrutura política brasileira. Se o voto fosse facultativo, infelizmente, imperaria o fator financeiro. Por isso considero que o voto ser obrigatório é mais democrático.

Diário da Região – Para o senhor então, o voto facultativo só deve ser adotado no Brasil quando a sociedade conseguir absorver o conhecimento e senso crítico sobre a política e administração pública?
AS: Quanto mais há em casa a necessidade de ter o pão e o leite, mais difícil é você ter a preocupação com a condução política. Portanto, quanto mais rápido a gente resolver as condições de vida do povo brasileiro, mais consciência vamos ter.

Fonte: Diário da Região