Brizola Neto: por que só terrorismo anti-Cuba não é crime?
Um tribunal americano absolveu hoje (8) o ex-espião da CIA, Luis Posada Carriles das acusações movidas pela Venezuela e pela própria imigração americana, que lhe faz 11 denúncias de perjúrio e fraude na imigração. Posadas é acusado por Cuba pela prática de vários atentados terroristas, sendo considerado por Havana o homem que, durante anos, tentou matar Fidel Castro.
Por Brizola Neto, no blog Tijolaço
Publicado 09/04/2011 19:44
Posada Carriles é fugitivo da justiça venezuelana, onde foi indiciado pela explosão de um avião comercial cubano que havia decolado de Caracas, em 1976. A ação deixou 73 mortos. Documentos da própria CIA, disponíveis na internet, reconhecem que havia esta informação, mas dizem que não fora solicitada.
Segundo a Agência France Press, Havana atribui a ele um longo rosário “terrorista”, incluídos ataques a bombas a hotéis nessa cidade, em 1997, nos quais morreu um turista italiano.
Dois anos depois, ingressou no Exército americano, onde foi treinado em operações de inteligência. A CIA apoiava, então, os esforços dos exiliados cubanos para derrotar o governo comunista de Fidel Castro, mas esse tornou-se menos decidido depois da frustrada invasão da Baía de Porcos e de outros acontecimentos da política americana, como a Crise dos Mísseis com a União Soviética em 1962, e o assassinato do presidente John F. Kennedy em 1963.
No entanto, Posada Carrilles continuou sendo, por um longo período da Guerra Fria, um homem importante para os Estados Unidos e um fator de tensão permanente na relação com Cuba. Documentos americanos demonstram que Posada Carriles trabalhou para a CIA desde 1965 até junho de 1976.
Parte da documentação desarquivada pela CIA, e divulgada em agosto de 2009 pelo Arquivo de Segurança Nacional americano (NSA, na sigla em inglês), diz que Posada Carriles ofereceu a essa agência nos anos 60 seus serviços para dirigir grupos de exilados que realizariam ações militares contra o governo cubano.
Segundo o governo de Havana, Posada planejou assassinar Fidel Castro durante uma visita deste ao Chile, em 1971. Tratava-se de um plano “cuidadosamente planejado” pelo então agente da CIA, que assassinaria Castro com um revólver escondido numa câmara. Em 2005 foi detido nos Estados Unidos por suspeita de fraude para a obtenção da cidadania – acusações das quais foi absolvido nesta sexta-feira.