Divanilton: Classe trabalhadora deve ser principal foco do PCdoB
Reiterar a centralidade da classe trabalhadora no projeto político dos comunistas e priorizar a organização do partido nas bases operárias são tarefas que devem ser erigidas em prioridades do PCdoB na opinião do petroleiro Divanilton Pereira, membro do Comitê Central do Partido, que abordou o tema durante o 7º Encontro Nacional sobre Questões de Partido, realizado no último final de semana (16 e 17 de abril) em São Paulo.
Publicado 20/04/2011 19:39
Sindicalista e também dirigente da CTB, Pereira comentou que é necessário “revisitar os compromissos assumidos no 2º Encontro sobre Questões de Partido, ocorrido em abril de 2005”. Na ocasião, os comunistas reafirmaram a convicção na centralidade do trabalho “não apenas como mera categoria acadêmica, sociológica, mas como centro da estratégia do PCdoB: o partido da classe operária brasileira com toda sua dimensão de estratos e frações”.
Identidade e centralidade
A identidade entre o partido e a classe que proclama representar, segundo ele, é o que diferencia a organização comunista das demais legendas. Daí a necessidade de reiterá-la diuturnamente. “Caso contrário, nos tornaremos apenas mais um bom administrador da venda da força de trabalho da classe trabalhadora brasileira. E para isso já existem outras organizações.”
A centralidade da classe trabalhadora na luta política e no projeto dos comunistas é um princípio cardeal da teoria marxista fortemente contestado ao longo das últimas décadas e especialmente depois do colapso do chamado socialismo real que vigorava no antigo bloco soviético. Remando contra a maré reacionária do neoliberalismo, o PCdoB nunca renegou tal princípio, mas sua compreensão e aplicação deixam a desejar.
Maioria da sociedade
Concebida de uma forma ampla, de acordo com as ideias e definições originais de Marx e Engels, a classe trabalhadora constitui, hoje, a grande maioria da sociedade brasileira, abarcando mais de dois terços da população ocupada. Sua relevância política foi evidenciada, entre outras ocasiões, na eleição de um operário para a Presidência da República. “Minha eleição”, disse Lula, “foi uma vitória da classe trabalhadora”.
A reafirmação de sua centralidade é parte da luta ideológica contra as concepções burguesas e pequeno-burguesas que dominam o ambiente político e cultural da nossa sociedade e estendem sua influência inclusive para o interior das fileiras partidárias.
"Como militante também na frente sindical, julgo que devemos permanentemente desenvolver vigilância em torno do foco de nossa ação militante. Ganhar eleições sindicais, participar de instâncias nacionais, constituir e fortalecer nossa central sindical são construções necessárias e complexas, mas que só se tornam estratégicas para o PCdoB caso elas se constituírem em meios, e não em fins. Devem ser o leito da atuação partidária entre as trabalhadoras e os trabalhadores, constituindo pontes com a política e organização partidária. Caso contrário, nos tornaremos apenas mais um bom administrador da venda da força de trabalho da classe trabalhadora brasileira. E para isso já existem outras organizações."
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento do sindicalista no 7º Encontro:
É com entusiasmo que saúdo este acontecimento político que potencializa as condições para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento da nossa estruturação partidária. Penso que ele veio para ficar. Na última reunião do Comitê Central do Partido, o presidente Renato Rabelo destacou que no Brasil, atualmente, só o PCdoB concentra tanta energia em busca do fortalecimento programático e partidário. Esse evento é mais uma manifestação disso.
No ato de abertura desse encontro, o nosso presidente sustentou que o país vive um novo e inédito ciclo político em sua história. Uma conquista do povo que resulta em 12 anos consecutivos em que o nosso país é governado por um projeto democrático e popular.
O viés sóciodesenvolvimentista desse projeto vem criando as possibilidades para que o país alcance um novo padrão civilizacional. O PCdoB é partícipe histórico desse processo, e desenvolve esforços programáticos e de gestão integrando-o desde 1989.
É dentro desse contexto que a carta-compromisso se apropria dessa realidade e convoca todo o sistema de direção partidária a colocar o PCdoB em um novo salto organizacional: um salto pela regularidade e duradoura militância desde as suas bases.
Essa é uma condição indispensável não apenas para atender o simples funcionamento interno do nosso Partido, mas fundamental para colocá-lo à altura de liderar as grandes transformações estruturais que o país necessita.
Da carta-compromisso, quero realçar um ponto e, a partir dele, revisitar as resoluções do 2º encontro de abril de 2005, assim definido: “Implementar a política do Partido entre as trabalhadoras e os trabalhadores e por intermédio deles – fator estratégico para o projeto do PCdoB e para o futuro do Brasil”.
Refiro-me ao parágrafo 1 do item IV. Nele nos comprometemos em realizar uma revisão e ajustes. Termos que por si só expressam de uma forma implícita o reconhecimento de algumas de nossas insuficiências: “… fixar lócus de atuação dos militantes de modo mais definido e duradouro. Especialmente nas capitais e nas grandes concentrações de trabalhadores, a revisão considerará as relações de trabalho como forma mais necessária de associação dos militantes…”
Essa revisão pressupõe reassumirmos os compromissos lá de abril de 2005, nos quais a centralidade do trabalho foi reafirmada não apenas como mera categoria acadêmica sociológica, mas como centro da estratégia e de pertencimento do PCdoB: o partido da classe operária brasileira com toda sua dimensão de estratos e frações.
Como militante também na frente sindical, julgo que devemos permanentemente desenvolver vigilância em torno do foco de nossa ação militante. Ganhar eleições sindicais, participar de instâncias nacionais, constituir e fortalecer nossa central sindical, são construções necessárias e complexas, mas que só se tornam estratégicas para o PCdoB caso elas se constituírem em meios, e não em fins. Devem ser o leito da atuação partidária entre as trabalhadoras e os trabalhadores, constituindo pontes com a política e organização partidária. Caso contrário, nos tornaremos apenas mais um bom administrador da venda da força de trabalho da classe trabalhadora brasileira. E para isso já existem outras organizações.
Dessa forma, todos nós, quadros dirigentes partidários, além de elaborarmos os estratégicos projetos eleitorais para a batalha de 2012, já em curso, precisamos com eles e também através deles destacarmos a construção partidária no seio da classe trabalhadora brasileira.
Dessa forma, essa diretriz não deve ser encarada como uma tarefa exclusiva dos dirigentes partidários sindicais, mas de todo o sistema diretivo do PCdoB.
Essa é minha contribuição de reafirmação à carta-compromisso aqui apresentada.
Muito Obrigado.
Da Redação, Umberto Martins