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Sucessão de Kassab é epicentro da próxima guerra entre PT e PSDB

Se depender de petistas e tucanos, a polarização que marcou as últimas eleições presidenciais, com ares de guerra, continuará a pleno vapor, sob o formato “base aliada x oposição”. Mas, enquanto PT e PMDB se preparam para correr separados nas eleições de 2012, PSDB e DEM ensaiam as estratégias conjuntas nos pleitos municipais.

O centro da disputa pelo poder será São Paulo, terceiro maior orçamento público do país. Até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu entrar em campo, coordenando os esforços do PT para a eleição e indicando que tomará por tarefa a tentativa de desalojar a oposição da Prefeitura e do governo de São Paulo a partir de 2012.

Diante do cenário de crise e implosão no PSDB — que perdeu seis vereadores nesta semana —, petistas preveem que o nome tucano mais provável para a sucessão do prefeito Gilberto Kassab, é o de José Serra. Além disso, a formação do PSD (Partido Social Democrático), liderado por Kassab, realinhou as forças políticas no município.

O prefeito é candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2014, e seu movimento passa pela eleição de alguém de sua confiança na capital. Somente a candidatura de José Serra (PSDB) poderia reagrupar o PSDB e atrair o apoio de Kassab. Sem isso, a fragmentação dessas forças será inevitável.

O prefeito, porém, trabalha com a possibilidade de apoiar o vice-governador paulista Afif Domingos (PSD) ou seu secretário de Saúde, o ex-petista Eduardo Jorge (PV). O PSDB, além de Serra, pode lançar o deputado José Aníbal, que integra o secretariado de Alckmin. E o PPS ensaia a candidatura da ex-vereadora Soninha Francine.

Já Lula, em encontro com petistas na terça-feira (19), em Osasco, região metropolitana de São Paulo, pediu que o PT costure o máximo de alianças e escolha o candidato à prefeitura até o fim do ano. A legenda tem cinco pretendentes ao cargo: a senadora Marta Suplicy; os ministros da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e da Educação, Fernando Hadad; e os deputados federais Carlos Zarattini e Jilmar Tatto.

Lula teme que essa disputa atrapalhe o partido na eleição. Pondo-se à disposição dos petistas para trabalhar na campanha, Lula defendeu que os petistas ampliem alianças com setores entre os quais o partido sofre resistências e articulem ações para conquistar a nova classe média. Citou como exemplo sua aliança com José Alencar, que atraiu o apoio de parte do empresariado.

Segundo o presidente do PT-SP, deputado estadual Edinho Silva, Lula enfatizou a necessidade de aumentar o arco de alianças. "É muito difícil o PT sozinho ganhar uma eleição. Lula falou da importância de se escolher um bom vice que dialogue com setores que nós tradicionalmente não conseguimos dialogar. Para Edinho, o PT precisa não só dialogar com "os órfãos do malufismo" como também compreender a formação intelectual e cultural desses eleitores.

Os petistas consideram Serra um adversário "dificílimo", mas acreditam que, se ele for o escolhido, a definição do PSDB ocorrerá num último momento, o que daria tempo ao PT de trabalhar melhor um nome. Na avaliação de petistas, o PSDB teria em Serra a única alternativa para negociar o apoio do PSD a uma candidatura única à Prefeitura. "Se quiserem juntar o PSDB com o Kassab, o Serra terá de ser o candidato. É um desejo deles (tucanos) — só não sei se é o que o Serra quer", avaliou o presidente interino do PT, deputado Rui Falcão (SP).

A ideia no partido é que Lula faça viagens por todo o país para alavancar candidatos petistas. Se necessário, tendo em vista a “ameaça Serra, o ex-presidente garantiu que subirá no palanque para levar o PT de volta ao comando da maior cidade do país. “Quero participar das eleições”, avisou Lula, que falou por 40 minutos para uma plateia de petistas que incluía 32 prefeitos, 21 deputados estaduais, três deputados federais e os ex-ministros José Dirceu e Luiz Dulci.

Até o momento, o nome mais competitivo da esquerda em São Paulo é o de Netinho de Paula. Candidato do PCdoB ao Senado nas eleições passadas, o cantor, apresentador e vereador pretende concorrer à sucessão de Kassab, em aliança com o PDT e o PSB. Na segunda-feira, o Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo aprovou a pré-candidatura de Netinho. É o segundo nome lançado, depois de Celso Russomanno (PP).

Da Redação, com agências