Mulheres transformam obra de Cida Pedrosa em vídeo-poema

A poetisa Cida Pedrosa será homenageada com a produção de um video-arte baseado na sua obra As filhas de Lílith (2009). 

O projeto, Olhares sobre Lílith, é coordenado por Tuca Siqueira e Alice Gouveia e será lançado na segunda quinzena de agosto. Em 2008, Tuca transpôs a poesia de Cida Pedrosa num vídeo-poema chamado Rainha dos Degradados que foi premiado na Fliporto.

Tuca Siqueira, Alice Gouveia e Cida Pedrosa
O livro As Filhas de Lílith é composto por 26 poemas que apresentam personagens díspares e unidos em seus dramas, tragédias e feitos. A mostra Olhares sobre Lílith tem a participação de 23 cineastas que vão assinar os vídeos, realizados em diferentes formatos, da ficção ao documentário, da animação à foto stop-motion. Além de Tuca e Alice, coordenadoras artísticas, conheça as outras mulheres que estão à frente deste incrível projeto: Andréa Ferraz, Alice Chitunda, Cynthia Falcão, Clara Angélica, Camila Nascimento, Cecília Araujo, Débora Brennand, Eva Jofilsan, Geórgia Alves, Hanna Godoy, Kátia Mesel, Luci Alcântara, Mariana Porto, Mariane Bigio, Mannuela Costa, Manuela Piame, Maria Pessoa, Mariana Lacerda, Marcia Mansur, Paula Pessoa de Melo, Silvana Macedo, Séphora Silva e Sandra Ribeiro.

Assista abaixo o premiado Rainha dos Degredados:

Cada uma está responsável em reproduzir um dos poemas em curtas-metragens entre 1 e 3 minutos, todos são com nome de mulher, dispostos em ordem alfabética de A a Z – de Angélica a Zenaide. “Cida tem acompanhado nosso trabalho dando total liberdade, sem apego à sua obra, o que eu chamo de um convite à livre expressão”, explicou Tuca. “O bom em Olhares sobre Lílith é a total liberdade de experimentações que a poesia de Cida e ela própria nos permite”, ressaltou Alice.


Folha de Pernambuco –18/04/2011

Sobre como surgiu à ideia destes filmes de curta duração, Tuca explicou que depois do sucesso do vídeo-poema de 2008, ela se sentiu incentivada para a realização de outros projetos. “Foi quando surgiu a obra As Filhas de Lílith, que teria tudo haver com o que eu imaginava. Alice, minha amiga, embarcou na ideia, conversamos com Cida e ela aprovou. Minha expectativa é que esse trabalho, que envolve homens e mulheres, seja visto não só em Pernambuco, mas também em outros estados e, até mesmo, em outros países. Esperamos que os vídeos circulem nas salas de aula, nos festivais, em vários lugares, durante muito tempo, porque o resultado tem ficado muito bacana. Eu já estou curtindo e me divertindo antes de o projeto ficar pronto, estou muito feliz em estar à frente desta realização”, disse Tuca.

Com relação ao projeto, Cida interpretou que o universo de sua obra foi aberto a outros olhares distintos, do ponto de vista artístico, isso é muito interessante. “Acredito que estes olhares de outras mulheres irão dar uma dimensão muito maior para a minha obra. Sinto-me maravilhada com a homenagem e com a possibilidade de misturar as artes, como a linguagem do papel com a imagem, som, etc.”, comentou Cida.

Cida Pedrosa é poeta e advogada, nasceu no Sertão de Bodocó, em Pernambuco. Publicou Restos do Fim (1982); O Cavaleiro da Epifania (1986); Cântaro (2000); Gume (2005), todos em edição da autora, e As Filhas de Lílith (Rio de Janeiro: Calibán Editora, 2009). Participou de várias antologias de poesia e, desde 2005, edita em parceria com Sennor Ramos o site Interpoética. Faz parte de Dedo de moça – uma antologia das escritoras suicidas (São Paulo: Terracota Editora, 2009). Tem textos traduzidos para o francês e o espanhol, e publicações espalhadas na internet e em jornais mundo afora.

Do Recife,
Elaine de Paula