Sem categoria

Para Julian Assange, Guantánamo é "monstruosidade"

"Os Arquivos de Guantánamo, que o WikiLeaks começou a publicar, jogam luz sobre essa monstruosidade da era Bush que a administração Obama decidiu continuar", afirmou Julian Assange com exclusividade para a Pública nesta segunda-feira (25). A declaração resume a importância do vazamento mais recente da organização, que começou a ser publicado na noite de domingo (24).

São milhares de fichas de prisioneiros ou ex-prisioneiros de Guantánamo, em Cuba, e outros documentos relacionados, emitidos pela Força-Tarefa de Guantánamo (JFT-GTM, na sigla em inglês) e enviados na forma de memorandos ao US Southern Command (Comando Sul dos Estados Unidos). A base naval dos Estados Unidos é localizada a sudoeste da ilha de Cuba, mantida sob controle da Casa Branca e usado desde 2002 para manter acusados de envolvimento com terrorismo.

"A publicação dessas informações é importante para o público, para os prisioneiros e ex-prisioneiros, e para os juízes que se ocupam desses casos. Muitos estão presos há anos sem acusação formal e com base em testemunhos falsos", disse Assange. "Esta na hora de reacender o discurso público sobre a prisao de Guantanamo, na esperanca que finalmente se possa fazer alguma coisa para trazer justica para esse estabelecimento", afirmou o fundador do WikiLeaks.

Assange qualificou Guantánamo como um "estabelecimento de 'lavagem' de pessoas", em uma analogia à lavagem de dinheiro, em que bancos internacionais "escondem" recursos suspeitos. Isso porque, para Assange, Guantánamo esconde da sociedade a verdadeira história dessas prisões para justificar a política criminosa do governo e os recursos ilícitos empregados para prendê-los.

As fichas apresentadas pelo Wikileaks relatam o estado de saúde dos atuais presos, refazem a teia investigativa que os levou à prisão que, vistos com atenção, revelam que boa parte dos acusados foram incriminados com base em depoimentos de outros presos obtidos sob tortura dentro e fora de Guantánamo – nas prisões secretas da CIA. É descrito ainda o mercado de recompensas promovido pelos Estados Unidos que levou à detenção de homens e meninos inocentes por acusações formuladas por aliados interessados em prêmios em dinheiro.

Também revelam como são feitos os "pareceres", que recomendam a permanência ou não dos presos em Guantánamo, não apenas pela força-tarefa mas também pelos responsáveis pela investigação criminal e psicólogos encarregados de avaliar a maneira que devem ser utilizadas as informações obtidas em outros interrogatórios.

Fonte: Rede Brasil Atual