Ato público lembra vítimas de acidente de trabalho em Salvador

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracom) Bahia realizaram um ato público na manhã desta quinta-feira (28/4), em Salvador, para lembrar o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidente de Trabalho. O protesto ocorreu em frente às obras do Condomínio Lê Parc, na avenida Paralela, onde três operários morreram no ano passado.

A construção civil é apontada como setor com maior incidência de acidentes de trabalho no país. No ano passado, foram registrados 472 acidentes nas obras brasileiras, segundo dados do Ministério do Trabalho. Os mais comuns são quedas de andaime, choque elétrico, soterramento e o trabalhador ser atingido por algum objeto.

“Na construção civil, infelizmente os acidentes acontecem no dia a dia. Muitos não são registrados pela imprensa e por isso, quando a gente divulga os números no final do ano acaba assustando as pessoas. Se formos levantar os dados de todos os acidentes, desde os mais pesados até os acidentes mais leves, em que o operário leva o atestado e fica afastado por poucos dias, assustaria muito mais. Hoje mesmo, recebemos a notícia de um trabalhador que morreu eletrocutado em uma prestadora de serviço da Coelba”, lamentou o presidente do Sintracom Bahia, José Ribeiro.

Mas, os acidentes de trabalho não atingem apenas os operários da construção civil. No Brasil, as estatísticas oficiais apontam 2.138.955 acidentes de trabalho ocorridos entre 2007 e 2009 entre todas as categorias profissionais. Desse total, 35.532 trabalhadores permanecem incapacitados e 8.158 perderam a vida. Os dados mais recentes divulgados pela Previdência Social são de 2009. Nesse ano, foram registrados 723,5 mil acidentes de trabalho, com 2.496 mortes e 13.047 incapacitados.

“No dia de hoje, em que homenageamos as vítimas, protestamos para forçar a uma reflexão sobre a gravidade do assunto, que é mais que uma reivindicação econômica ou social. O fato é que nós não estamos falando de uma epidemia de dengue, nem de crime, nem de nada. Nós estamos falando de um quadro perverso, no qual o trabalho indecente vem vitimando de forma alarmante milhares de trabalhadores. Além dos mortos e mutilados, dados do Grupo Móvel do Ministério do Trabalho dão conta de que desde 1995, 137 mil pessoas foram libertas do regime trabalho escravo ou análogo ao escravo. Ou seja, mesmo na democracia, depois de mais de cem anos da Revolta dos Malês e da Lei Áurea ainda temos trabalhadores vivendo em regime de escravidão no país. O nosso recado hoje, é que ao mesmo tempo em que precisamos pautar o debate econômico e do ponto de vista dos direitos sociais, não podemos deixar de enfrentar este problema com a seriedade e urgência que ele demanda”, lamentou o presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo.

De Salvador,
Eliane Costa