Trabalhadores lotam a praça para celebrar 1º de Maio em Salvador

A Praça Castro Alves, conhecida como a praça do povo, foi o palco da comemoração do 1º de Maio, neste domingo, no Centro de Salvador. Milhares de trabalhadores participaram do ato organizado conjuntamente por cinco centrais sindicais: CTB Bahia, Força Sindical, UGT, Nova Central e CGTB, que contou com a participação de dezenas de lideranças sindicais e políticas, além de atrações musicais e artísticas.

A importância da unidade da classe trabalhadora deu o tom dos discursos dos dirigentes sindicais, que ressaltaram em conjunto a necessidade desta união para garantir direitos, mais empregos e melhores condições de trabalho para todas as categorias profissionais. Os avanços proporcionados pelos oito anos do governo do ex-presidente Lula e os quatro primeiros anos do governo Wagner aqui na Bahia não foram esquecidos, mas todos fizeram questão de reafirmar a necessidade de continuar lutando pelas conquistas que ainda não vieram, a exemplo da redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

“Nós não negamos que a mudança política propiciou uma melhor condição de vida para o trabalhador, com aumento real para mais de 90% dos trabalhadores, com melhoria do salário e a criação de empregos em diversos setores. Mas, ainda temos muito que avançar. A Bahia, por exemplo, é o estado que mais vem se destacando na geração de emprego, mas ainda tem um grande contingente de desempregados. É preciso avançar em medidas mais efetivas para melhorar a vida do trabalhador no campo e na cidade”, afirma o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil na Bahia, Adilson Araújo.

A cobrança do presidente da CTB se sustenta nos números da Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese e da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, que aponta uma taxa de desocupação de 15,7% na Região Metropolitana de Salvador no mês de março, o que significa que um contingente de desempregados estimado em 2,451 milhões de pessoas no mês passado. A taxa de desemprego também tinha ficado acima da média nacional em 2010, apesar da criação de mais de 120 mil novos empregos no estado no ano passado.

Igualdade de gênero

A igualdade de salários entre homens e mulheres também está entre as bandeiras prioritárias das centrais sindicais este ano e pautou as intervenções das principais lideranças presentes ao evento. “A mulher já é maioria da população no Brasil. Na Bahia a situação é semelhante, somos maioria demográfica, maioria das servidoras públicas, das professoras universitárias, no entanto, na base da pirâmide social, nós somos a maioria da população pobre e desempregada. A luta pela equidade é uma bandeira da democracia, dos direitos humanos, é a garantia efetiva de que para trabalho igual, tenhamos salário igual”, disse a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), única representante feminina baiana na Câmara Federal.

“Neste sentido, há um projeto meu tramitando na Câmara que cria um selo para as empresas que promovam as mulheres à condição de mando, de maior decisão no trabalho, assim como estabeleçam normas para equidade salarial no ambiente de trabalho. É um primeiro passo, ainda incipiente diante da magnitude da luta que é fazer com que mulheres e homens sejam tratados de forma igual no Brasil”, informou a parlamentar.

A presidente da Força Sindical na Bahia, Nair Goulart, também é a única mulher a presidir uma central sindical no estado e defende o aumento da presença feminina nos postos de comando. “O Brasil ainda está muito atrasado em relação à desigualdade das mulheres, tanto no mercado de trabalho, quando na participação política. Embora o Brasil seja um país muito desenvolvido no ponto e vista tecnológico e do ponto de vista social nós estejamos nos desenvolvendo, mas esta questão da desigualdade de raça e de gênero no Brasil é um desafio para nós mulheres”, ressaltou.

Para a líder sindical, as mulheres precisam assumir cada vez mais postos de comando, pois historicamente são os homens que comandam a política e os sindicatos e é preciso inverter está lógica. “Nós já somos mais da metade do mercado de trabalho, mais da metade da população, temos maior escolaridade que os homens e não é justo que continuemos sendo discriminadas por sermos mulher, por sermos jovens, por sermos negras. Nós queremos mais igualdade no mercado de trabalho, na política e nos sindicatos, mas para isso é preciso de estratégia. As mulheres precisam colocar na sua agenda e brigar, inclusive no mundo sindical, para ter mais autonomia, ser agente de sua própria história, ser protagonista de sua própria história, mas principalmente nos postos de comando”, conclamou Nair.

De Salvador,
Eliane Costa