1º de Maio: João Ananias aborda questões que afetam o trabalhador
Durante pronunciamento feito nesta terça-feira (03/05), o Deputado Federal João Ananias lembrou que o dia dedicado ao trabalhador é importante não para grandes comemorações, mas para refletir sobre a existência da desigualdade social, sobre questões como a reforma agrária, redução da jornada de trabalho.
Publicado 04/05/2011 09:55 | Editado 04/03/2020 16:31
"Acho fundamental a redução da jornada de trabalho, uma luta histórica neste Parlamento do Senador Paulo Paim, do Senador Inácio Arruda, de V.Exa., Deputado Vicentinho, do Deputado Chico Alencar e de tantos outros. Por isso o PCdoB, com certeza, lutará de forma brava pela redução da jornada de trabalho junto com os demais Parlamentares", destacou.
Leia a seguir a íntegra do discurso:
O SR. JOÃO ANANIAS (Bloco/PCdoB-CE. Sr. Presidente, caro Deputado Vicentinho, e Deputado Chico Alencar, parabenizo ambos pela iniciativa.
Em nome do meu partido, o PCdoB, aponto a importância do 1º de Maio não para grandes comemorações, mas principalmente para reflexões. Temos de refletir muito, porque ainda hoje muitos negam a sociedade de classes — não é o nosso caso — , aqueles mesmos que querem estabelecer essa data como de menos importância, que querem empanar uma realidade muito clara que mostra de forma muito patente a ainda existente desigualdade social.
Quando comparamos o mundo do trabalho com o capital, vemos disparidades gigantescas no nosso Brasil. Apesar dos indiscutíveis avanços que tivemos a partir do Governo Lula, o sistema capitalista não deixa que eles se prolonguem por muito tempo. Eles buscam ainda castrar o resgate histórico que nós, representantes das forças progressistas, queremos fazer neste País.
É fundamental que vejamos, por exemplo, a situação no campo. Eu passei, Deputado Vicentinho, o dia 1º de Maio, na minha cidade, lá no Ceará, em Santana do Acaraú. Participei de uma reunião do primeiro Conselho Popular do Estado do Ceará, o Conselhão, e a questão mais pautada na reunião foi a reforma agrária.
O México já em 1910, na época da Revolução Zapatista — e é certo que o México esteve sempre atrelado aos interesses norte-americanos, nunca foi uma nação progressista — , fez a sua reforma agrária, talvez não tão ampla quanto necessitasse. Nós nem isso fizemos.
Quando vemos uma situação nefasta como aquela no Rio de Janeiro, em que trabalhadores, os menos favorecidos, desceram barranco abaixo junto com a água, temos de analisar que eles estavam lá — e estão lá — não porque quiseram, mas porque a luta de classes, a luta pela terra, a exclusão territorial os empurrou para ali, para as periferias das cidades.
Sou médico. Fui Diretor do Departamento de Assistência Médica, em Fortaleza, em 1983 e 1984, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, e, naquela época, havia 12 áreas de risco. Fortaleza hoje tem 100 áreas de risco. Isso ocorreu em função do êxodo rural que se deu contrariando até princípios da sabedoria popular; Lá no Nordeste diz-se que árvore velha não se muda. Mas as pessoas tiveram que se mudar. Por quê? Porque faltou oportunidade, faltou terra, faltou emprego, faltou saúde, faltou educação, faltaram faculdades. O modelo de desenvolvimento sempre foi absolutamente voltado para os grandes centros, e foi isso que fomentou o êxodo rural.
Então, no Dia dos Trabalhadores, no Dia Internacional do Trabalho, temos que continuar lutando.
Foi dito aqui que a redução da jornada de trabalho é para compatibilizar com a tecnologia que hoje permite que o trabalhador possa se dedicar ao ócio, como foi no princípio da revolução industrial, e que o sistema capitalista, no afã de acumular, negou isso aos trabalhadores.
De minha parte, acho fundamental a redução da jornada de trabalho, uma luta histórica neste Parlamento do Senador Paulo Paim, do Senador Inácio Arruda, de V.Exa., Deputado Vicentinho, do Deputado Chico Alencar e de tantos outros.
Precisamos mover isso dentro do Parlamento, para que possamos — aí sim — garantir uma vantagem, um benefício a mais a essa classe trabalhadora que construiu e que constrói este País, como os nordestinos que, junto a outros trabalhadores, construíram São Paulo.
E falo desse Brasil todo, tão gigantesco e tão uno ao mesmo tempo, que não se dividiu.
É preciso que nós, do Parlamento, façamos justiça. E o dia 1o de Maio, a meu ver, é o momento para refletirmos sobre essas questões citadas aqui, como a reforma agrária, a redução da jornada de trabalho, a desigualdade social e a falta de moradia, ainda um problema grave.
Claro que estamos tentando equacionar tudo isso, inicialmente, com o Governo Lula, e tenho certeza de que a Presidenta Dilma vai avançar. Mas é preciso darmos passos mais largos, porque quem está sofrendo, quem está passando fome e quem está sem moradia não pode esperar muito. É preciso avançarmos.
Por isso o PCdoB, com certeza, lutará de forma brava pela redução da jornada de trabalho junto com os demais Parlamentares.
O SR. PRESIDENTE (Vicentinho) – Obrigado, nobre colega João Ananias, do PCdoB do Ceará, pelo seu importante pronunciamento.
Fonte: Assessoria do Deputado Federal João Ananias (PCdoB-CE)