Internautas fazem churrasco contra mudança de estação de metrô

Até às 19h da tarde desta quarta-feira (11), mais de 14,3 mil haviam confirmado presença no evento, marcado para o próximo sábado, às 14h. O post virou piada na internet e atraiu comentários do tipo, “opa, tô levando frango de padaria” e outros como “tem que ter uma barraquinha com churrasquinho grego e suco grátis”.

O presidente da associação dos moradores de Higienópolis, Pedro Ivanow, informou que soube da manifestação pela imprensa e afirmou que respeita a movimentação, mas disse que muitas pessoas não sabem por que estão se manifestando.

“A democracia permite manifestação de toda e qualquer espécie, mas o que as pessoas não estão entendendo é que a população de Higienópolis não quer uma linha de metrô lá, o que a gente questiona é ter uma estação a cerca de três quadras de distância da próxima”, comentou. “Quando essa questão foi levada ao Metrô, eles começaram a pensar no replanejamento, pois não faz sentido ter uma estação tão próxima da outra”, reforçou.

Ainda segundo o presidente da associação, a população de Higienópolis “acredita e muito no metrô como meio de transporte, mas é contra a estação naquele local”. De acordo com Ivanow, 3,5 mil assinaturas foram coletadas em favor da associação, contra a instalação da estação Angélica.

Tucanaram o metrô

O jornalista Fernando Canzian comentou que "o lobby dos ricos venceu. O governo tucano tucanou de novo diante da pressão dos moradores. Empregadas, babás, porteiros, faxineiros, feirantes, garis, funcionários do Pão de Açúcar e milhares de empregados do bairro que servem diariamente os moradores continuarão sem a melhor, mais rápida, pontual, organizada e limpa opção de transporte público".

Mas os apoiadores da nova estação não ficaram de braços cruzados. Nesta quarta, uma nova petição foi criada em defesa do metrô na Avenida Angélica. O texto chama a decisão de “preconceituosa” e afirma que é absurda a explicação do metrô – de não ser necessária mais uma estação na região.

Segundo o texto, “a estação integraria a linha 6-laranja, que vai da Brasilândia, na zona norte, ao centro, passando por bairros como Perdizes, Pompeia e Santa Cecília e universidades como Mackenzie, PUC e FAAP”, por isso seria importante para a população paulistana. A petição on line foi divulgada nas redes sociais e, por volta de 19h, contabilizava quase 1,1 mil assinaturas.

A adesão ao abaixo-assinado favorável ao metrô é, até o momento, pelo menos 13 vezes maior do que a adesão à que é contra o transporte. Intitulado “Defenda Higienópolis”, o texto criado por moradores aponta sete motivos explicando porque a estação Angélica não é bem-vinda.

Argumentos

No primeiro, o grupo alega que existem quatro estações em um raio de 600 metros, “Marechal Deodoro, Santa Cecília, Higienópolis (Mackenzie) e Paulista”. Além disso, segundo a petição, haveria custos de desapropriação; impacto nos prédios localizados nas ruas próximas à estação com possíveis acidentes; “aumento natural do comércio ambulante”, que pode levar ao surgimento de um “camelódromo e degradar o entorno”.

Além disso, o texto alerta para o aumento do “fluxo de pessoas em circulação na região, especialmente em dias de jogos e shows. O aumento deste fluxo de pessoas no bairro deve gerar um aumento de ocorrências indesejáveis, afetando a qualidade de vida dos moradores que estão acostumados a andar a pé”.

O embate ainda não chegou ao fim. De acordo com Ivanow, no próximo dia 16 a associação vai se reunir com o Metrô para discutir o tema. “Exatamente para ter uma posição sobre a questão”, finalizou.

Novo local

O metrô informou que está “reavaliando a localização dessa futura estação, ainda no projeto funcional da futura Linha 6-Laranja, em razão de estar a apenas 610m da Estação Higienópolis-Mackenzie e a 1.500m da futura Estação PUC-Cardoso de Almeida”.

Ainda de acordo com o metrô, está sendo estudada a melhor localização de uma nova estação que atenda à FAAP, Av. Higienópolis e Praça Vilaboim, assim como o Estádio do Pacaembu. Segundo o Metrô, esta decisão é de caráter técnico e não está relacionada com a pressão dos moradores.

Da redação, com eBand e Folha.com