Contra os gargalos, mais engenharia
Leia abaixo artigo do Presidente do Senge/RS, José Luiz Azambuja, publicado em 13/5 no Jornal do Comércio:
Publicado 13/05/2011 18:00 | Editado 04/03/2020 17:10
A recente manifestação de Jorge Gerdau Johannpeter, feita no chamado Conselhão acerca da necessidade de mais engenheiros e menos advogados, deve tocar fundo nas lideranças políticas do Estado e do País. Sem dúvida, a afirmativa aponta para a necessidade de mudança de rumos da educação e da formação profissional no Brasil, sem o que não conseguiremos dar sequência de forma sustentável à estabilidade econômica alcançada nos últimos anos. Mais do que uma simples e às vezes utópica expectativa de consciência do meio político, existe hoje a necessidade de união total das áreas de engenharia/tecnologia, apontando os rumos para enfrentar o desafio de oferecer a resposta que a sociedade brasileira está demandando: superar os gargalos da nossa infraestrutura e produzir em padrões mundiais com competitividade e preservação ambiental. No binômio infraestrutura e produção está resumida a principal carência ao desenvolvimento nacional, que desafia a todos a superar a defasagem que a economia brasileira enfrenta, justamente agora, ao maturar o processo de estabilidade, em que as potencialidades nacionais foram trazidas à cena.
No entanto, é tarefa primordial das entidades de engenharia, entre as quais o Sindicato dos Engenheiros/RS, se perfilarem e apontarem a necessária inversão de prioridades. Hoje é sabido que a máquina estatal valoriza mais quem fiscaliza e quem controla do que quem produz. Muitos já constataram isso e o próprio ex-presidente Lula assim já se manifestou. Está na hora de mostrar que o essencial é valorizar quem produz e gera riqueza, quem agrega valor à produção, quem aumenta a produtividade e a qualidade, quem reduz as perdas. Sem dúvida, quem faz engenharia tem muito a ver com isso. Aliás, está na hora de reconhecer e valorizar quem tem a “arte de fazer”, essência da técnica, como ensinaram os gregos. Contrariamente à civilização moderna, que encontrou, não se sabe por que, uma dualidade entre “arte” e “técnica”, os gregos designavam “tecnos” como “a arte de fazer”. Assim, além de não sermos alienados, somos partícipes da solução, do saber como fazer, do fazer com conhecimento e arte. Cada vez mais é necessário que as lideranças da engenharia estejam focadas no futuro e aproveitem o momento para cumprirem tarefas históricas da sua responsabilidade. Na condição de presidente do Senge/RS, vejo a necessidade de as entidades de classe serem porta-vozes de aspirações coletivas, ajudando a sociedade a se desenvolver.