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Mais crise à vista: EUA atingem limite de endividamento

O governo dos Estados Unidos deve atingir nesta segunda-feira (16) o teto de US$ 14,294 trilhões da dívida pública — o que deve desencadear uma luta política de 11 meses e cheia de incertezas para evitar uma moratória. O Departamento do Tesouro planeja anunciar, também hoje, que vai parar de emitir e reinvestir títulos do governo em certos fundos de pensão públicos, parte de uma série de medidas para adiar a moratória até 2 de agosto.

As medidas do Tesouro ganham tempo para a Casa Branca e líderes do Congresso chegarem a um acordo de redução do déficit, que pode abrir caminho para um número suficiente de congressistas votar para aumentar o montante que o legislativo permite que o país tome emprestado.

Gene Sperling, diretor do Conselho Nacional de Economia da Casa Branca, disse que o fato de o teto da dívida ser alcançado "deve ser um alerta para o sistema político de que é hora de levar a situação a sério e preservar a nossa confiança e crédito". O governo do presidente Barack Obama afirma que uma moratória jogaria os Estados Unidos de volta à crise financeira.

Mas o caminho para se chegar a um acordo permanece uma incógnita até para os envolvidos nas negociações. Políticos do Partido Republicano, de oposição, e a Casa Branca emitiram sinais conflitantes sobre quão próximos estão de um acordo.

Na semana passada, o vice-presidente Joseph Biden disse que começava a tomar forma um acordo preliminar. Já o presidente da Câmara, o republicano John Boehner, descreveu um cenário diferente ontem e disse num programa da rede de TV CBS: "Não estou vendo nenhuma evolução de verdade" nas negociações.

Muitos republicanos e alguns membros do Partido Democrata, o mesmo de Obama, já disseram que não votarão para aumentar a dívida sem um acordo correspondente para cortar gastos ou enfrentar problemas fiscais de longo prazo como o custo da saúde pública. Eles argumentam que o teto da dívida é uma boa maneira de forçar as mudanças necessárias para garantir a solvência do país.

Pessoas a par das negociações, lideradas por Biden, dizem que estão sendo estudados cortes a subsídios agrícolas e programas federais de aposentadoria, aumento da fiscalização contra fraudes, cobrança de prêmios mais altos para os planos de aposentadoria garantidos pela agência estatal Corporação de Garantia de Benefícios Previdenciários, venda de bandas de telecomunicação sem fio e de imóveis do governo.

As negociações estão num estágio inicial e as potenciais áreas de convergência ainda são preliminares, advertem autoridades. Mas os democratas ainda não descartaram algumas propostas espinhosas, como o limite aos gastos com auxílio à alimentação e programas de aposentadoria para funcionários federais, disseram pessoas a par das negociações.

Os cortes que estão sendo estudados representam uma fração da meta de US$ 4 trilhões que as autoridades definiram para redução do déficit nos próximos dez anos. Os impostos continuam a ser um obstáculo. Os líderes republicanos dizem que nenhum plano de redução do déficit pode incluir aumento dos impostos, mas autoridades da Casa Branca dizem que o plano tem que contar com aumento da arrecadação.

Segundo Sperling, a Casa Branca quer um acordo "semanas antes [do prazo final], e não um impasse até o fim de julho, em cima da hora". Boehner pareceu concordar e disse que um acordo "não precisa esperar até a última hora". Um grupo de deputados republicanos questionou a validade do prazo final em agosto, sugerindo que o Tesouro pode vender ativos, como reservas de ouro, para continuar pagando os credores. Já as autoridades do Tesouro rejeitaram a proposta, mas podem ser forçadas a repensá-la se as negociações não vingarem.

O governo dos Estados Unidos já atingiu antes o teto de endividamento. O impasse de 1995 e 1996 foi o mais notável e ocorreu quando o presidente Bill Clinton e os republicanos se enfrentaram por causa dos gastos do governo. No fim os congressistas chegaram a um acordo e mantiveram o histórico americano de nunca ter entrado em moratória na história moderna.

Da Redação, com informações do Valor Econômico