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Orlando Silva: "O governo de SP ainda não atingiu o seu limite"

Em meio à polêmica em torno do estádio corintiano como sede da abertura da Copa-2014, o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., afirma que as autoridades paulistas têm de acordar. Em entrevista, Silva Jr. sugere revisão do valor das obras, diz que o governo federal nada mais pode fazer e atribui ao governo paulista a indefinição sobre o estádio.

Folha de S. Paulo – Como o governo federal pode ajudar a solucionar a situação de São Paulo?
Orlando Silva Jr. – Fizemos tudo o que estava ao alcance ao liberar o crédito de R$ 400 milhões para os estádios da Copa. Não dá para fazer mais nada, todos os 12 estádios têm de ter tratamento igual.

Folha de S. Paulo – O que pode ser feito, então?
Orlando Silva Jr. – Assim como a prefeitura arrumou a solução de dar potencial construtivo, eu imagino ser possível arrumar outras soluções. Nunca é demais reexaminar o projeto e ver medidas para a redução de custos. As sugestões que a Fifa faz não podem servir de muleta para justificar sucessivos crescimentos no valor do estádio. Inclusive, eu imagino que o governo do Estado deveria convidar a Fifa e o COL para examinar quais são esses critérios que aumentaram o valor do estádio. O fato é que tem que ter iniciativa. O governo do Estado ainda não atingiu o seu limite.

Folha de S. Paulo – E o que o Estado e a prefeitura podem fazer nesse sentido?
Orlando Silva Jr. – O projeto deve ser reexaminado para identificar onde é possível reduzir custos. Repito: os critérios da Fifa não podem servir de muleta para o aumento dos valores.

Folha de S. Paulo – Como isso seria possível?
Orlando Silva Jr. – Não sei, não conheço os instrumentos, a legislação de que o Estado dispõe para ajudar financeiramente.

Folha de S. Paulo – O que o senhor acha que pode ser pior para a imagem do governo de São Paulo: ficar sem partidas importantes do Mundial ou injetar dinheiro público na construção de estádios, algo que os antecessores do atual governador garantiram que não ocorreria?
Orlando Silva Jr. – O que pode causar mais dano é São Paulo ter papel secundário na Copa. Qualquer pessoa que você perguntar no planeta acha que São Paulo será protagonista. Mas, se o governo paulista e a prefeitura não acordarem, terá papel secundário. Vai ser difícil explicar quando chegar 2014, as cidades oferecerem boas condições, e São Paulo, que deveria ter papel-chave, ser coadjuvante. São Paulo se aproxima do limite para definir qual papel terá. Isso afeta a imagem fora do país. Geraldo Alckmin terá de correr atrás do que não foi feito pelos antecessores.

Folha de S. Paulo – O senhor acredita que o ex-governador José Serra cometeu um erro ao indicar São Paulo para abrir a Copa?

Orlando Silva Jr. – Quando você se candidata a receber a abertura de uma Copa, eu imagino que você saiba das responsabilidades que possui. O fato é que, de quando o Estado de São Paulo manifestou esse interesse até hoje, muito pouca coisa andou. Quando você fala que São Paulo deve fazer a abertura, se não for uma declaração da boca para fora, tem de vir somada com medidas.

Folha de S. Paulo – Em São Paulo, dizem que o senhor trabalha contra a cidade. Quando tudo indicava que São Paulo abriria a Copa do Mundo o senhor falava sobre outras cidades-sedes.
Orlando Silva Jr. – Sempre falei que a minha impressão é a de que São Paulo tinha as melhores condições de infraestrutura, hotelaria etc. Mas não podemos descartar as outras cidades que pleiteavam a abertura.

Folha de S. Paulo – Qual o nível de responsabilidade do Corinthians nisso?
Orlando Silva Jr. – Esse foi um erro, na minha opinião, no debate anterior sobre o Morumbi. Na fase anterior, parecia que o problema de São Paulo era o Morumbi, sendo que ele era a solução. Não era o problema do São Paulo. Era o problema de São Paulo. A mesma coisa eu falo agora. O estádio do Corinthians é a solução. Nem o São Paulo poderia assumir as responsabilidades do estádio nem o Corinthians poderia agora. Então, não podemos imputar a nenhum clube responsabilidades que são de autoridades paulistas.

Fonte: Folha de S. Paulo